2 Anos de Viagem | Melhores e Piores Experiências

No dia 03 de junho de 2018 completamos 2 anos de viagem de volta ao mundo! Foi em 2016 que pegamos o primeiro voo saindo do Brasil nessa vida nova de viajantes. Foram muitas experiências loucas, bastante gente pirada pelo caminho, alguns perrengues (menos do que se imaginaria), algumas vezes que fomos espertos, outras que fomos bem estúpidos, dias que parecia que daria uma merda geral e dias em que tudo que a gente queria era que aquilo nunca acabasse. 730 dias é bastante coisa.

Invariavelmente, quando falamos pras pessoas que estamos há 2 anos na estrada, vem logo em seguida uma enxurrada de perguntas: “qual o país mais bonito?”, “qual o lugar mais caro?”, ”qual a melhor praia?”, “onde que tem mais festa?” e por aí vai.

Pois bem, resolvemos montar um questionário pra nós mesmos. Pra deixar tudo mais divertido e com um toque pessoal nosso, fomos pra um bar e sentamos um de frente pro outro. A cada questão discutimos um pouco e gravamos as respostas em áudio. A cada áudio gravado, maior a dificuldade pra entender as respostas no dia seguinte. Assim somos.

Além disso, resolvemos incrementar esse post com algumas estatísticas da nossa viagem. Alguns países nem foram citados no questionário, então essas estatísticas são importantes pra vocês saberem quais eram nossas opções de resposta.

Quer saber onde estamos atualmente e para onde vamos em seguida? Clique aqui.

Clique em um ponto do mapa para ver sua legenda

De 03/06/2016 até 02/06/2018  (730 dias) nós estivemos em 37 países:

América Central

Panamá 🇵🇦 (11 dias)

Nicarágua  (20 dias)

Costa Rica

 (7 dias)

América do Sul

Brasil  (184 dias) *

Uruguai  (13 dias)

Argentina  (49 dias)

Chile  (15 dias)

Paraguai  (2 dias)

Equador  (88 dias)

Colômbia  (9 dias até agora, nosso país atual)

Europa

Alemanha  (12 dias)

Dinamarca  (6 dias)

Suécia  *

República Tcheca  (2 dias)

Eslováquia  (18 dias)

Hungria  (2 dias)

Polônia  (5 dias)

Bielorrússia  (5 dias)

Lituânia  (3 dias)

Islândia  (12 dias)

Espanha  (6 dias)

Malta  (8 dias)

Inglaterra  (8 dias) *

País de Gales  (2 dias) *

Escócia  (9 dias) *

Bélgica  (5 dias)

Holanda  (3 dias)

Portugal  (26 dias)

Romênia  (23 dias)

Moldávia  (8 dias)

Bulgária  (1 dia)

Sérvia  (8 dias)

Macedônia  (11 dias)

Grécia  (34 dias)

Ásia

Turquia  (33 dias)

África

Cabo Verde  (51 dias)

Marrocos  (17 dias)

E mais 14 noites que passamos em ônibus ou avião viajando entre dois países.

*A Suécia fica sem nenhum dia porque não dormimos lá, só fizemos um bate e volta a Mälmo a partir de Copenhagen.

• Inglaterra, País de Gales e Escócia fazem parte do Reino Unido, mas a gente conta como 3 países separados, porque eles são bem diferentes um do outro.
• Por que tanto tempo no Brasil? Alguns meses depois de ter começado a viajar, nós voltamos pro Brasil porque seríamos padrinhos de casamento de um casal de amigos. E como antes de começar essa viagem a gente morava em Recife, longe de nossas cidades natais (Rio de Janeiro e São Paulo), quando fomos pra lá nós decidimos passar um tempo visitando amigos e família. Depois de um ano tivemos que voltar pro Brasil de novo, pra resolver algumas coisas pessoais, e resolvemos ficar pro carnaval. Acho que não é preciso dar muitas explicações aí né: carnaval no RJ, melhor festa do mundo!

Algumas Estatísticas Desses 2 Anos de Viagem

Estivemos em 220 cidades, das quais dormimos em 137.

Passamos 49 dias fazendo trabalho voluntário pelo Workaway: 28 dias em Bariloche (Argentina), 18 dias em Nitra (Eslováquia) e 3 dias em León (Nicarágua).

Dormimos 15 noites em ônibus, 5 noites em avião, 1 noite num barco (Grécia) e 4 noites num carro (Islândia).

Acampamos um total de 63 dias com nossa barraca, mas também dormimos uma noite numa cabana nômade no meio do Deserto do Saara e 3 noites numa cabana de palha em San Blas, no Caribe.

Ficamos 85 dias em hotel/pousada e 179 noites em hostel. Só usamos o AirBnb uma vez, quando passamos 34 dias no Rio de Janeiro. Também tivemos 3 noites memoráveis num casarão mal assombrado da Isla de Chiloé, no Chile.

Pra fechar, foram 212 dias com amigos ou família e 78 hospedados através do CouchSurfing.

Perguntas e Respostas

Apesar de termos visitado outros países nessa vida (afinal, foram 59 pra um e 45 para o outro), uma das regras foi que nas respostas só constariam os lugares visitados nesses últimos dois anos. Porém, quando estávamos no bar respondendo ao questionário, esquecemos um pouco dessa regra. O que fizemos então foram algumas menções honrosas (ou desonrosas) aos países que não fizeram parte dessa viagem.

Outra regra que tínhamos clara desde o início: o Brasil não podia entrar na resposta. Seria parcial demais, porque a gente ama o Brasil e sente muita falta de lá.

O resultado do nosso questionário bêbado tá aí embaixo, e a gente espera que seja divertido lê-lo, pois foi bem divertido pra gente todo o processo de feitura.

Facilidade de Viajar

Qual é o país mais fácil de viajar?

A – Malta, porque basta arranjar um lugarzinho pra dormir que dá pra conhecer o país inteiro de ônibus, vai e volta, vai e volta, tudo com o mesmo cartãozinho e no mesmo preço.

O – Turquia. É só chegar na rodoviária e pegar o próximo ônibus pra qualquer cidade na direção do seu destino, daí de lá pega outro, depois outro e por aí vai. Não tem que se preocupar com horário, preço, nem nada. Equador quase empata nesse tema, porque o esquema é parecido, mas as rodoviárias são muito hostis, com muita gente chata e insistente falando contigo o tempo todo e tentando te apressar pra entrar no ônibus.

E o mais difícil de viajar?

O áudio tá meio confuso, com um falando por cima do outro, mas em resumo é isso aí:

Resumo – Nicarágua, em matéria de hostilidade nas rodoviárias, mas basta aguentar isso e pronto. Ajuda saber o preço da passagem de antemão, senão vão te cobrar demais (ainda que o “demais” na Nicarágua seja muito pouco).

Islândia também entra aqui porque praticamente não tem ônibus no inverno, mas é fácil pedir carona (“quero ver ficar na estrada embaixo de uma nevasca esperando algum carro parar”).

Cabo Verde também entra aqui porque o país é só ilhas, os barcos passam muito pouco e tem que comprar passagem de avião. É só chegar no aeroporto e comprar a passagem, mas a TACV, companhia de lá, é horrível, com muitos atrasos e confusões de passageiros e malas.

Uma menção também à Grécia fora de temporada, porque dependendo da ilha os barcos passam uma vez por mês só.

Quais os Mais Baratos e Mais Caros

Aqui também discutimos bastante. O problema é que não temos muito dos nossos gastos anotados, e faz muito tempo que estivemos em alguns lugares. Então decidimos com base no que conseguimos lembrar.

Lugar mais barato para beber?

Resposta Única – Nicarágua, com o kit alcoólico (rum Flor de Caña, água, caixinha de gelo, Coca-Cola e 3 copos de tamanhos diferentes) que custava uma ninharia. A Polônia fica perto, principalmente com o bar de um euro (Pijalnia Wodki i Piwa, com o melhor tartar de todos), mas a cerveja não era tão boa e a vodka só mais ou menos.

País mais barato para comer?

Mais um consenso – Moldávia. Lá a gente comia todo dia em restaurante quase chique com comida muito gostosa pelo preço de um PF barato no Brasil. Teve aquele dia também que fizemos uma compra grande num mercado de rua, e gastando mais ou menos 15 reais, voltamos com quilos de verduras, incluindo vários tipos de cogumelos, frutas de todo tipo e mais uns itens básicos (arroz, feijão, macarrão).

País com transporte mais barato?

O – Equador e Nicarágua, com certeza.

A – Concordo, mas tem a questão das low cost de ônibus e avião na Europa, então precisa ver isso aí direitinho. Talvez considerando o preço por distância, a Europa ganhe. Claro que tem que comprar com antecedência.

A hospedagem mais barata?

Resposta – Foram duas: o camping em Busteni (Romênia), que custou o equivalente a 14 reais por dia para nós dois, com direito a cozinha e chuveiro quente. O outro lugar é o hostel em Marrakesh por 2 euros por pessoa (cheio de pulgas e nojento), assim como o resto do Marrocos inteiro. Sobre lugares com quarto privado e coisas assim, até conseguimos alguns bem baratos, mas nunca tanto quanto esses que mencionamos.

O lugar mais caro no geral?

Após um tempo de debate:

Resposta única – Islândia ganha, embora a Inglaterra (Londres em especial) também seja ridiculamente cara. Pelo menos em Londres dá para encontrar alguma coisa pra comer por 1 libra no mercado, mesmo uma libra sendo muito dinheiro. A Islândia tem até uma rede de supermercado supostamente barata, mas tudo é muito caro mesmo assim. Islândia vence.

Hospedagem

Melhor hostel/hotel em que ficamos?

Dalyan (Turquia, Yakut Apart Hotel) e Ohrid (Macedônia, Hostel Valentina) ficam empatados por conta da relação preço/qualidade. Ambos com cozinha privada no quarto, varanda, ambiente super agradável. O de Dalyan ainda tinha um gato muito fofo que pensava que o quarto era dele. A Valentina, dona do hostel em Ohrid, é uma maravilha de pessoa, inclusive nossa amiga no Facebook.

Experiências de CouchSurfing mais memoráveis?

Menção aqui ao milagre de Natal de Copenhague e à hospitalidade absurda de um rapaz do CouchSurfing, em Kusadasi (Turquia).

Explicando o milagre de Copenhague: chegamos à cidade na época do Natal e estava tudo muito caro. Encontramos uma pessoa do CouchSurfing que nos hospedaria só por uma noite, porque ele “queria ouvir um pouco de cavaquinho”, com o qual eu viajava na época. E enquanto estivéssemos lá, poderíamos procurar por outra coisa. Um pouco antes de dormir, estávamos já em total desalento, pois não tínhamos encontrado nada possível financeiramente e ninguém do CouchSurfing respondia. O rapaz então decidiu que, como viajaria pelos próximos 15 dias, deixaria a chave da casa com a gente. Ele era muito gente boa, e a casa era incrível, com um telão de uns 3m na sala. Ainda deixou a chave das duas bicicletas que tinha. Milagre de Natal.

Já a explicação para Kusadasi está no post do próprio país. Veja o post clicando aqui.

O pior lugar que ficamos?

O – Cracóvia (explicamos melhor ali embaixo, a história é longa)

A – O hostel em Marrakesh cheio de pulgas, também já citado lá nos mais baratos, e o camping em Sulina, que tinha um dono machista e sem bom senso.

Comidas e Bebidas Típicas

Nosso assunto favorito! E foi bem difícil lembrar de tanta coisa boa que comemos e bebemos por aí.

Qual foi o país com melhores supermercados?

O – Com certeza, a região da Europa Central. Mas, pra apontar um país só, fico com a Alemanha.

A – Pra mim, Portugal. Tem muita variedade e produtos familiares do Brasil.

E o pior país nesse tema?

A e O (em uníssono) – Marrocos!!! Não conseguimos lembrar sequer de ter visto algum supermercado por lá. O comércio funciona mais nas ruas e vendinhas mesmo.

Mas Equador também disputa ferozmente a liderança. Tirando as cidades maiores, é difícil encontrar muita coisa além do básico. Muitas vezes a gente queria cozinhar mas não encontrava carne, vegetais ou mesmo um presunto.

Qual o país com os melhores restaurantes?

O – A Polônia, com total destaque praquele joelho de porco no restaurante do gordinho. (pesquisamos no Google, e o nome é Podwale. A gente nunca lembra)

A – Argentina, com aquelas carnes maravilhosas!

E os piores?

Consenso de novo entre nós, após algum debate – Paraguai, mas não por ser ruim de fato, e sim porque era o que tinha menos opção, menos coisa.

PS: Bolívia, mesmo não estando entre os países visitados nesses dois últimos anos, mereceu muito uma menção desonrosa nesse item. Nenhum de nós conseguiu lembrar sequer de uma refeição boa por lá.

País com melhor comida de rua?

A – Nicarágua ganha, com os nacatamales e vigorón.

O – Fico com a Sérvia e aqueles Pljeskavica deliciosos.

PS: Aqui houve um consenso para uma menção honrosa ao Rio de Janeiro, com os salgados, caldos e tudo o mais.

E qual o país com a pior comida de rua?

(respostas após muita polêmica, porque a gente só conseguia lembrar das comidas boas)

O – Bato pé na Islândia. Se sinto fome na rua, só tem opção de cachorro-quente (caríssimo, por sinal). Verdade, é um cachorro-quente limpinho e até gostosinho, mas ainda assim só tem cachorro-quente!

A – Moldávia, porque quase não tinha nada vendendo na rua, só aquele macarrão colorido nojento e uma bebida fermentada horrorosa (o nome da bebida é Kvass).

PS: Concordamos em mais uma menção desonrosa à Bolívia, porque ela merece.

Enfim, qual foi a melhor comida de todas?

Se pelo menos fosse assim tão fácil escolher. Acabamos dividindo essa questão em subseções pra conseguir responder direito.

Melhor petisco de bar?

A – Moréia frita de Cabo Verde

O – Tartar da Polônia (carne moída crua bem temperada, com uma gema crua por cima)

Melhor sobremesa?

A – Alfajor uruguaio, da marca Água Fria principalmente

O – Trdelnik da República Tcheca (espécie de pão feito num rolete cheio de coisa gostosa dentro. Vendido também em outros países, mas o da República Tcheca foi o melhor)

País com melhor refeição?

O – Curanto do Chile e o joelho de porco da Polônia

A – Churrasco na Argentina! (de novo, porque aquela carne é incrível mesmo)

PS: Menção mais que honrosa à maniçoba paraense, que é e sempre será nossa comida favorita.

E a pior comida de todas?

A – Uns mariscos cheios de merda dentro que comemos na ilha de Chiloé, no Chile. São vendidos em qualquer mercado de rua por lá. CUIDADO!

O – Os espetinhos de rua do Equador. São tristes. A carne é muito ruim; o frango vem com osso, muito fino e só a pior parte do bicho; eles ainda colocam uma banana nada a ver com nada; e a linguiça é uma mistura de salsicha com mortadela. Eca.

Qual é o melhor país pra beber?

A – Com certeza a Bélgica, porque dá pra comprar cerveja muito gostosa em qualquer birosca ou lojinha em qualquer esquina, e sair andando. Melhores cervejas do mundo!

O – Existe um país onde há paredes e mais paredes com uma imensidão de vodcas diferentes em lojas de bebida espalhadas por todo o lado: a Polônia, que é a vencedora pra mim. Tenho que mencionar também a região toda da Rakia (Leste Europeu, especialmente os Balcãs), porque essa é a bebida no mundo que mais deixa o ser humano sem dignidade.

Qual é o pior país pra beber?

Mais um consenso – Marrocos, simplesmente porque não é fácil conseguir álcool, e ainda é muito caro quando se arranja algum. Mais fácil encontrar drogas do que birita.

Qual é a melhor bebida?

O – A rakja da Sérvia. Pode ser que nos outros países do Leste fosse tão boa quanto, mas tenho poucas lembranças.

A – Tem que lembrar de cada cerveja na Argentina e na Bélgica pra responder. Mas tem a Guiness em Londres também, então fica difícil.

Mais uma menção honrosa ao Brasil aqui, pra cachaça.

Pior bebida?

Menção mais que honrosa ao Brasil, de novo, pelo seu conhaque de alcatrão, Corotinho, Caninha da Roça, conhaque Presidente, São Brás, Cantina da Serra, etc.

O – Ouzo grego, porque bebida de anis não deveria ser feita.

A – Não bebo essas merdas, mas se bebesse seria ouzo também. A pior cerveja foi a Estrella, em Cabo Verde, com gostinho de chorume. Destaque no tema pra cervejas tipo Radler em geral.

Histórias e Experiências

Qual é a melhor festa?

Uníssono – Guca (Sérvia), obviamente! Não tem como disputar. Uma festa tão louca que escrevemos um post inteiro sobre ela. Acesse aqui.

PS: no meio da viagem nós estivemos na melhor festa do planeta, que é o carnaval do Rio de Janeiro, mas o Brasil não entra no questionário, então é isso.

E a pior festa?

Outro consenso – Carnaval de Malta, que foi bem triste, principalmente por causa da expectativa (era pra ser carnaval né…). Também temos um post só sobre o Carnaval de Malta.

Pior história?

Cracóvia. Pegamos um hostel bem barato perto da Cidade Velha. No nosso dormitório tinha um grupo de indianos. Uma noite, quando estávamos já dormindo, chega um deles bem bêbado e entra no quarto discutindo num inglês pavoroso com uma polonesa tão bêbada quanto. Isso do lado do meu beliche. Num momento, ele pega um garrafão de água e dá na cara dela. A menina cai, chora e o pessoal do outro quarto, que era o quarto dela, se envolve. Também a pessoa da recepção entra.

Eu desço do meu beliche e falo pra quem não for daquele quarto sair. A pessoa da recepção corrobora com a decisão. Saem todos, a porta é fechada com chave. Mesmo assim o entra e sai do quarto continua. Essa confusão perdurou por umas 3 horas pelo menos.

No dia seguinte, depois de uma noite muito mal dormida, explicam pra gente que houve uma confusão e o indiano pegou o celular da polonesa, e ela, em contrapartida, pegou o casaco do cara e disse que ia chamar a polícia. Os amigos dele, com medo da polícia, resolveram sair bem cedo do hostel e deixar o cara pra trás. Ele, quando acordou, estava sem casaco no inverno mais que rigoroso da Cracóvia. Pegou então o primeiro casaco que viu, que era o meu!!!

Ao acordar, ainda vimos um facão em cima do armário do nosso quarto, trazido, deixado e esquecido ali pelo indiano. Noite horrível. Apesar disso, Cracóvia segue sendo uma das nossas cidades favoritas.

E qual foi o pior perrengue?

O – Foram dois momentos nesses dois anos em que eu temi pela minha vida de fato. O primeiro foi na Costa Rica, no incidente do vulcão. Explico: além da decisão estapafúrdia de subir uma trilha considerada difícil, ainda fizemos só decisões erradas, caminhando muito mais do que deveríamos.

Demoramos tanto que todas as pessoas passaram por nós na descida, então éramos as últimas pessoas no vulcão. A noite chegando. Como estávamos no alto, dava pra ver as nuvens carregadas vindo, alguns raios à distância, e chuva forte. No meio da descida, exaustos e contando com a gravidade pra nos ajudar, ouvimos um rugido vindo da nossa frente, de dentro do mato. Cada movimento, um rugido.

Ficamos parados, tremendo e temendo a ameaça. Tivemos a ideia de tirarmos as roupas coloridas (ela estava de top e short pretos, e eu de calça preta). Chuviscando. Começamos a gritar por socorro, mas não havia nenhum ser humano por perto. Peguei um pedaço de pau e, quando olho pra trás, ela tá segurando um tronco com as duas mãos, como se fosse um bebê. “Se o seu gravetinho aí não funcionar, eu bato com isso”. Era engraçado, mas a situação estava desesperadora demais pra pensar nisso.

Lembramos que o rapaz do começo da trilha fez uma piada com jaguares no vulcão. Terror e aflição. Numa hora decidimos descer correndo, o mais rápido possível e, se algo viesse, a gente tentava a sorte batendo nele. No fim, nada nos acompanhou, e chegamos até o dia de hoje sem saber que bicho era aquele.

A outra vez foi quando resolvemos rodar a Islândia de carro no inverno e, pra conseguir sobreviver financeiramente viajando por lá, tivemos que dormir algumas noites dentro do carro mesmo. Na primeira noite, estacionamos numa praça com um espaço super amplo. Botamos muitas roupas, entramos no saco de dormir e tentamos a sorte. Acordei muitas e muitas vezes com um frio insuportável, sem conseguir me mexer direito e sem saber o que fazer, com medo de uma hipotermia ou algo assim. Cada vez que acordava, tinha uma sensação horrível dessas. No fim, dormi pouco, mas consegui acordar vivo. Depois ela me contou que o segredo era tomar um Dramin e deixar o sono pesado chegar. Nas outras noites no carro, usei essa tática.

A – Na trilha da Ponta do Sol à Cruzinha, em Santo Antão (Cabo Verde). O sol era muito forte, a trilha de mais de 13km tinha muitas subidas e descidas, e eu não estava aguentando mais aquilo. Não tinha nenhuma cidade perto, nossa água praticamente já tinha acabado, e também não tínhamos comida. Eu não tinha forças pra continuar andando, meus pés estavam cheios de bolhas. Foi bem ruim. Parei e falei pra ele ir na frente tentar encontrar um carro que viesse me buscar. Claro que a história do vulcão na Costa Rica também é terrível, mas essa de Santo Antão é sempre a primeira que lembro.

Aspectos Culturais

País com povo mais simpático?

A – Cabo Verde

O – Uruguai

Povo menos simpático?

Uníssono de novo – Marrocos! Tem pessoas ótimas lá, mas é bem desagradável andar nas ruas e lidar com as pessoas do comércio em geral.

Gente mais bêbada?

Polônia, em consenso total.

E menos?

Marrocos, porque não tem álcool. Supostamente todo mundo deveria estar chapado de haxixe, mas não se vê isso pelas ruas.

Aspecto cultural mais interessante?

A – Ter estado no Marrocos durante o Ramadã. É bem interessante ver como eles lidam com aquilo tudo. (Jejum durante o dia todo, mata-fome no cair da noite, e por aí vai)

O – O aplicativo anti-incesto na Islândia. Como o país é muito pequeno e todo mundo é relacionado, para evitar que você pegue um(a) primo(a) seu(sua) sem querer numa balada, uns loucos desenvolveram um aplicativo que te notifica caso você esteja se aproximando de um familiar.

Aspecto cultural mais escroto?

Resposta única – Digam o que disserem, o jeito que os homens tratam as mulheres no Marrocos foi a coisa mais escrota que a gente viu nesses dois anos.

Os Lugares Mais Bonitos (e os mais feios)

Aqui também dividimos em algumas questões específicas. Por exemplo, no que se trata de natureza mais bonita, tivemos que excluir as praias e deixar uma questão específica pra elas.

País ou lugar de natureza mais bonita/foda/impressionante?

O – Islândia inteira. A cada 50 metros na estrada eu tinha que cutucar alguém e falar “Olha que foda!”. Deixo uma menção honrosa à Foz do Iguaçu, porque aquilo é incrível demais pra ficar de fora.

A – Capadócia (Turquia), porque não foi um momento ou outro em que eu fiquei impressionada, mas tudo era muito foda o tempo todo. Confesso que Islândia, com suas Auroras Boreais, e Foz do Iguaçu, com todo aquele poder das águas, também me fizeram chorar.

O lugar mais decepcionante de natureza?

Consenso – Tivemos que ver cidade por cidade, mas Sulina (Romênia) foi a que mais decepcionou. Esperávamos muito e não tinha nada. “O Delta do Danúbio!”, diziam. Mas não tem nada demais lá. Além do calor do Lúcifer torrando a gente.

Qual a cidade mais bonita?

Polêmica, gritaria, quase pancadaria, e uns barulhos ininteligíveis. Foi isso que tivemos que decifrar do áudio que gravamos no bar enquanto respodíamos às questões.

A – Edimburgo (Escócia), quase empatada com Amsterdam (Holanda).

O – Copenhagen (Dinamarca) com suas luzes de Natal. Mas admito que Budapeste (Hungria) existe aí nessa disputa.

Qual é a cidade mais feia?

A – Fez (Marrocos) quase empatada com Ciudad del Este (Paraguai).

O – A paraguaia pelo menos tem um propósito, que é compras baratas. Pra mim, Fez ganha.

Menções desonrosas: Rivas, na Nicarágua, que é horrível demais; e Guayaquil, no Equador, porque, se não fosse pelo centro mais ou menos bonitinho, entraria forte na disputa da cidade mais feia.

Melhor praia?

Muitas e muitas foram citadas, mas conseguimos decidir.

O consenso – San Blas (caribe panamenho). Foi o primeiro lugar de praia que a gente visitou nesses dois anos, mas puta que pariu, até hoje a gente fala disso.

A Praia da Laginha (Cabo Verde) ganha como praia urbana, com aquela cor de mar incrível. As ilhas gregas entram aqui porque são as ilhas gregas e são incríveis mesmo. Parando pra pensar em praias específicas de lá, tem muitas que são incríveis, mas San Blas ainda ganha pela experiência. (A experiência é a de ficar numa ilhazinha de areia branca que media nem cem passos no meio de um mar absurdamente transparente)

E a pior praia?

A e O (em uníssono) – Sulina, no Delta do Danúbio, Romênia! Bichinhos nojentos na água, merda de vaca pra todo e vacas inteiras andando pela praia.

País com mais animais fofinhos?

A gente interage muito com bichinhos de rua (gatos e cachorros), então essa é uma questão importante pra gente.

O (que tem bastante medo de cachorro) ­– Grécia, com seus gatos fofos e simpáticos, mas em Montañita (Equador) os cachorros até que são gentis e agradáveis. Uma menção aos problemas com cachorros de rua no Norte do Equador e em Bucareste. Os bichos são brabos demais!

A – Marrocos tem muitos gatos fofos, mas eles são pouco simpáticos. A Turquia também tem muitos gatos, mas a vitória aqui é da Grécia mesmo.

E com os bichos selvagens mais legais?

Resposta única – Galápagos, sem dúvida.

Os Favoritos e os Mais Odiados

Qual é o país pra onde não voltaria?

A – Marrocos, porque não dá pra ignorar as pessoas chatas, o jeito que os homens tratam as mulheres e toda aquela cultura bizarra do comércio.

O – Fico com Marrocos também, porque é um país pra ir só uma vez na vida (“Apesar de você ter ido duas né?”, disse ela. “Sim, mas a segunda foi só pra te acompanhar!”, respondeu ele). Mas Costa Rica quase empata com o Marrocos nesse tema, só que com praias melhorezinhas. O país é uma colônia de férias pra adolescentes norte-americanos.

E pra onde voltaria correndo agora?

A – Cabo Verde. Porque sim! Amo praia e acabou.

O – Islândia, se agora não for inverno lá.

Lugar onde moraria?

O – Amsterdam ou Copenhaguen, porque são lugares desenvolvidos, com estrutura e com mercado gostoso. (“Maconheiro! Ele só quer a maconha…”, ouve-se sussurrado ao fundo)

A – Paros (ilha da Grécia), a princípio, mas lá não tem muita festa e agito, então talvez não. Não sei, essa pergunta é muito difícil. Definitivamente tem que ter praia e calor, então Grécia cai fora, porque tem inverno. Então acho que fico com Sal, Cabo Verde. Calor, festa e praia o ano todo.

Essas duas perguntas a seguir foram deixadas por último e para um dia que estivéssemos sóbrios. A ideia era pegar simplesmente os países que foram mais citados positivamente e negativamente para apontar o melhor e o pior, respectivamente.

No fim das contas não deu muito certo, pois, por exemplo, a Sérvia apareceu como segundo lugar entre as melhores. Apesar de termos gostado muito daquele país, sabemos que ele não foi nosso segundo favorito. O critério foi subjetivo mesmo.

Qual é o pior país então?

A – O Marrocos ganha essa, principalmente porque, apesar das coisas bonitas e legais para ver e fazer por lá, sair na rua não é nada prazeroso. Os lugares são sujos demais, o assédio é demais. Eu tinha que me vestir dos pés à cabeça, e fazia muito calor! Escolher um restaurante para comer é uma tortura, com todo mundo enchendo o saco sem parar. Qualquer hospedagem é sempre suja, e/ou tem gente fumando dentro, com pulgas na cama. Lembro muito dessa sensação de estar na rua e ver uma praça e pensar “vamos sentar lá”, mas desistir por saber que muita gente ia chegar pra encher o saco.

O – Eu também escolho o Marrocos. Além de ele ter sido o país mais citado negativamente nesse questionário, faço eco com a resposta dela, dizendo também que as pessoas fedem demais, os lugares são todos exageradamente abafados, meio claustrofóbicos. As pessoas são irritantes e não dá pra ficar de boa vendo as mulheres de burca pra todo lado e aquela espécie de ditadura islâmica.

E o melhor país de todos da viagem?

É consenso nosso que o Brasil é o melhor país pra gente. Por termos vivido a quase totalidade de nossas vidas lá, acabamos sabendo muito dos problemas mais profundos, como política, salário médio abaixo do razoável, custo de vida sem equilíbrio com o que as pessoas ganham e questões específicas com alguns grupos sociais. Mas como isso não é um critério que levamos em conta pros outros países, já que é necessário muito mais do que poucos meses pra se inteirar disso tudo e começar a se irritar, então realmente o Brasil fica sendo o melhor. E nossas respostas são:

A – Pra mim, um dos pontos mais importantes é o clima. O frio me incomoda demais. Gosto de praia e sol. Outra questão importante é ter gente bebendo na rua, se divertindo, dançando, curtindo a vida. Olhando os países que visitamos, o clima já exclui toda a Europa e os países da parte sul da América. Apesar do comércio ser bem limitado em relação a produtos, as praias e a gente de Cabo Verde deixam esse como o melhor país pra mim. Também preciso mencionar que acabamos de chegar na Colômbia e esse país tem um grande potencial de mudar minha escolha!

O – Polônia é o vencedor. Gosto dessa mudança de clima ao longo do ano. As pessoas lá são bem loucas e divertidas. Até no inverno elas vão pras ruas beber, rir alto e viver. No verão, o país fica muito divertido, cheio de festivais, praias de rio pra se refrescar. O custo baixo também ajuda pra Polônia ser meu país preferido. A comida e a bebida são maravilhosas. Já fiz um mochilão pelo país e todo canto dele é bem legal. Também gosto muito das línguas eslavas. Esses são os motivos pra eu curtir tanto esse país e ele estar no topo da minha lista. Mas Colômbia vem com tudo pra ganhar essa disputa! Faz pouco que chegamos e tá muito bom!

Conclusões

Assim chegamos ao fim do nosso post especial de 2 anos de volta ao mundo. Ficou bem longo, então parabéns pra quem leu até o fim! Foi muito engraçado ficar bêbado tentando responder essas perguntas tão difíceis. A gente espera que todo mundo que pergunta “qual o melhor país?” entenda agora que não é assim tão fácil responder! E da próxima vez que perguntarem, vou só passar o link desse post!
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