Ilha de Jeju, um Lugarzinho Especial na Coreia do Sul

A Ilha de Jeju é um dos lugares mais famosos e queridos da Coreia do Sul, tanto por ser uma ilha tão linda e gostosa de conhecer, quanto por ter sido cenários de gravação de vários doramas.

Pouca gente sabe, mas a Ilha de Jeju é bem diferente do restante da Coreia do Sul, e tem aspectos culturais bem distintos. Jeju tem até mesmo um dialeto próprio.

Entre nós viajantes a Ilha de Jeju é conhecida principalmente porque:

1. Abriga uma das “7 Novas Maravilhas Naturais do Mundo”, o vulcão Seongsan Ilchulbong; e
2. O trecho aéreo Jeju – Seul é o mais movimentado do mundo, com quase 14 milhões de passageiros registrados em 2018.

Se você planeja conhecer a Coreia do Sul, não deixe de ler nossos outros textos sobre o país.

Demos dicas gerais sobre moeda, internet, segurança, idioma e todos aqueles detalhezinhos que tornam a vida do viajante mais fácil.

Temos muita informação super completa, confira nossas Dicas e Roteiro de Viagem Para a Coreia do Sul e as melhores Comidas da Coreia do Sul (Com Preços!).

E conheça as principais cidades do país, com dicas de hospedagens e passeios que valem (ou não) a pena. As que nós visitamos foram Busan, Seul e Jeonju.

Melhor Época Para Conhecer a Ilha de Jeju – Coreia do Sul

Se possível, planeje sua viagem para a primavera ou para o outono. É nessas épocas que você encontrará temperaturas amenas e pontos turísticos não abarrotados de turistas. Evitando os grandes feriados coreanos, claro.

Se você não liga para a grande quantidade de pessoas, ou se só pode viajar no verão, se prepare para dias bem quentes (acima de 30 graus) e preços mais altos. Também é uma época bem úmida, com muitas chuvas.

No inverno (que foi quando nós viajamos) as temperaturas ficam abaixo de 10 graus durante o dia e perto de zero à noite. No entanto, as chances de chuva são menores. Bom pra quem vai fazer trilhas, ruim para quem quer curtir praias.

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Quantos Dias Ficar na Ilha de Jeju na Coreia do Sul

Nós tivemos 5 dias inteiros para conhecer a Ilha de Jeju.

Foi mais que suficiente, considerando que viajamos no inverno e não conseguimos passar muito tempo curtindo as belas praias da ilha.

Muita gente faz uma viagem “bate e volta” de Seul, pegando um voo cedinho e voltando à noite. Nós não recomendamos isso, pois as distâncias dentro da Ilha de Jeju são grandes e no fim seria super cansativo (e dá pra aproveitar pouco).

Se você tem pouco tempo, considere pelo menos dormir uma noite na Ilha de Jeju. Ter dois ou três dias inteiros é o ideal para conhecer os pontos “imperdíveis”.

Mas a verdade é que a Ilha de Jeju tem atividades para muitos e muitos dias. Então leia mais adiante sobre os passeios que tem pra fazer na ilha e decida a partir do que te chamar mais a atenção.

Como Chegar na Ilha de Jeju na Coreia do Sul

Você pode chegar até a Ilha de Jeju de avião ou de ferry boat.

Considerando que os voos entre Seul e a Ilha de Jeju são muito numerosos (lembre-se que é o trecho aéreo mais movimentado do mundo), a melhor ideia é voar, tanto no preço quanto no tempo de viagem.

É possível conseguir bons preços com as principais companhias aéreas que fazem a viagem: Eastar Jet, Asiana Airlines, Jin Air e Jeju Air.

Nós voamos de Busan para a Ilha de Jeju com a Jin Air e o voo foi tranquilo, embora tenha atrasado. Achamos ótimo que o limite de bagagem era 15kg para despachar e mais 10kg para levar na cabine.

Também voamos com a Asiana indo da China para a Coreia do Sul e a experiência excedeu as expectativas, com um voo super organizadinho.

E nosso voo de Jeju para Taiwan foi com a Jeju Air, da qual também não temos do que reclamar. Voo pontual e bem organizado.

A viagem de ferry boat, além de ser geralmente mais cara, aparenta ser desconfortável, por causa do mar bravio.

Transporte na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

A Ilha de Jeju é maravilhosamente servida de ônibus públicos. O transporte funciona muito bem e te leva a praticamente todos os pontos turísticos, áreas de hotéis e aeroporto.

Para saber qual ônibus pegar (e o horário), use o app Kakao Maps. É bom saber um pouquinho do alfabeto coreano para entendê-lo melhor (o que não é difícil), ou então usar um tradutor para ajudar.

Você também pode consultar tudo no site oficial, que tem mapas e horários.

Além disso, a maioria das paradas de ônibus tem um painel touch screen multilíngue onde você pode ver quanto tempo cada ônibus vai demorar para passar. Quase sempre a informação está correta, mas não é 100% confiável.

A estrutura do transporte público na Ilha de Jeju é tão boa que algumas paradas tem até uma cabine climatizada (toda de vidro) para você não ficar congelando enquanto espera o ônibus. Mas isso é só pra quem viaja no inverno, claro.

A desvantagem é que para chegar em alguns lugares os ônibus demoram bastante ou às vezes tem que transferir de uma linha pra outra, pagando mais uma passagem. A viagem mais longa que fizemos chegou a 2h dentro da ilha. Para quem viaja sem pressa, como nós, não é um problema.

Muita gente que vai pra Ilha de Jeju aluga carro. Realmente faz sentido para quem tem pouco tempo. Mas atenção: para estrangeiros, é necessário apresentar a PID (Permissão Internacional Para Dirigir).

Onde se Hospedar na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

Jeju é uma ilha grande e com muitas opções legais para se hospedar. Todas elas ficam mais voltadas para o sul, porque essa é a porção mais bonita e com o melhor clima da ilha.

Embora a maior cidade (chamada Jeju) fique no norte, lá você acaba ficando longe dos atrativos turísticos (e à mercê do clima mais instável).

Seogwipo

É a melhor cidade para ficar, na nossa opinião. Fica bem no meio da parte sul da Ilha de Jeju e tem opções para todos os gostos.

O melhor de Seogwipo é que tem uma vida noturna animadinha, com muitos restaurantes e ruas com barraquinhas de artesanato e comida típica. É o lugar mais turístico da Ilha de Jeju.

Seogwipo também é super bem conectada de ônibus pelo resto da ilha. Nós conseguimos conhecer tudo usando o transporte público sem dificuldades.

Nós nos hospedamos no Minjoonggak, uma pousadinha simples e econômica, porém super confortável e bem localizada. Os quartos são espaçosos, com banheiro privado e Ondol, o sistema coreano de aquecimento do chão.

Outras boas opções econômicas são o Mimong e o Hotel Rest.

Opções mais sofisticadas são o Casaloma Hotel e o Mstay Hotel

Jungmun

É um bairro um pouco afastado de Seogwipo, onde tem uma praia e onde estão os maiores resorts e lugares mais luxuosos.

Nós só passamos por lá, mas aparentemente também há uma boa oferta de restaurantes e comércio, embora bem menor do que em Seogwipo.

Também é uma boa opção para quem vai usar o transporte público, que é bem frequente por lá (até melhor que Seogwipo).

Algumas opções econômicas em Jungmun (embora não tão econômicas quanto em Seogwipo) são o Jungmoon City Hotel e o Toursketch.

Se você busca opções mais luxuosas, perto da praia e com todas as comodidades imagináveis, aposte no The Suites Hotel, no The Shilla ou no The Shore Hotel.

Praias Hyeopjae e Gaeumneung

Uma ótima pedida de onde se hospedar para quem vai viajar no verão e quer passar o dia curtindo essas praias lindíssimas.

Aqui você encontra muitos bares, cafés e lojinhas, num clima quase tropical mesmo.

A desvantagem é que você fica bem longe de alguns pontos turísticos, principalmente do Seongsan Ilchulbong (Sunrise Peak), que é o cartão postal da ilha. Nada que algumas horinhas de ônibus não resolvam, no entanto.

Algumas das opções baratinhas porém bem localizadas e bem avaliadas perto da praia são o Lapaloma e Hotel Hongik.

Pra quem quer mais conforto e comodidades, aposte no Blue Spring Hotel, Lemain Hotel ou Jeju Dam Spavill.

Comidas Típicas da Ilha de Jeju – Coreia do Sul

Assim como no resto da Coreia do Sul, Jeju tem muita comida boa e vários “night markets”, que são ruas tomadas por restaurantes e barraquinhas de comida típica e internacional.

Em Jeju nós comemos no Dongmun Market (동문시장), uma rua cheia de comidinhas deliciosas. O paraíso para os amantes de sashimi!

Em outro post nós já falamos tudo sobre a culinária coreana (clique aqui para ler), então vamos falar aqui da única coisa que consideramos realmente especial e diferente na comida típica da Ilha de Jeju: o churrasquinho de carne de porco preto.

Porque tão especial? Porque esse porco preto específico só existe na ilha, e dizem que a carne tem um sabor e textura super especiais.

Claro que nós fomos provar, e não ficamos desapontados. Se é realmente especial e diferente eu não sei, mas estava delicioso.

Há vários restaurantes, e até uma rua inteira dedicada ao “black pig barbecue”, mas se prepare para pagar preços bem altos.

Nós pesquisamos bem e encontramos um restaurante que atendeu todas nossas expectativas: bastante carne de altíssima qualidade a um preço justo.

O nome do restaurante é Bbol-sal House (뽈살집). Eles tem um combinado para 2 pessoas por 28.000 won, com 600g de carne divididos em 6 cortes diferentes, e com vários acompanhamentos (como sempre na comida coreana). Delicioso!

Caso você não conheça o churrasco coreano, a carne é servida crua e você mesmo prepara na churrasqueirinha que fica acoplada no meio da mesa. No cardápio desse restaurante tem as instruções de como fazer (em inglês!).

Mostramos tudo nesse vídeo aqui:

O Que Fazer na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

A Ilha de Jeju tem MUITA coisa pra fazer. Vamos falar sobre o que consideramos imperdível e também de atrações que não nos agradam muito, mas que podem ser do seu gosto.

Muitos dos locais que vamos falar a seguir você consegue conhecer rapidinho, em uma ou duas horas. Mas se for fazer tudo usando transporte público, considere o tempo de deslocamento, que pode ser (bem) grande.

Nós disponibilizamos aqui esse mapa com os pontos principais, mas saiba já de antemão que o Google Maps não funciona bem na Coreia do Sul.

Eles não tem autorização do governo para disponibilizar rotas de carro ou a pé, e nem de capturar imagens de satélite, então tudo é muito desatualizado.

O que nós usamos muito foi o Kakao Maps (que todo mundo usa na Coreia do Sul) e o Maps.me, que funciona super bem e é offline.

Para facilitar sua vida, clicando aqui você pode baixar um arquivo que abre no Maps.me com todos os lugares que vamos mencionar aqui no post. Olha que molezinha! Pode agradecer a gente ao final do texto 😉

Começamos pelo que dá pra fazer a pé a partir de Seogwipo. Dá um roteirinho perfeito para um dia de passeio andando bastante e vendo lugares lindos:

Pedra Oedolgae (외돌개)

Saia do seu hotel em Seogwipo e vá caminhando até a Pedra Oedolgae. Leva uns 30 minutinhos para chegar lá e você terá vistas lindas do mar e do vulcão no meio da ilha durante o trajeto.

Apesar do local levar o nome dessa pedra, na verdade é um conjunto de mirantes lindos na beira de penhascos no mar.

De lá você consegue avistar a Moon Island, os faróis do porto de Seogwipo e a Pedra Ordolgae em si, que tem um formato curioso no meio do mar.

A entrada é grátis e se dá pelo local marcado como “Olle 7 & 7-1 Start” no Maps.me.

Para chegar até lá e caminhar por tudo nós levamos menos de duas horas (incluindo se perder um pouco).

Cachoeira Cheonjiyeon (천지연 폭포) na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

Depois caminhe mais meia horinha até a Cachoeira Cheonjiyeon, que fica basicamente dentro de Seogwipo.

Para evitar muitas subidas e descidas pesadas, vá primeiro ao mirante (que fica na parte alta) e desça até a entrada da cachoeira.

Não adianta ir caminhando até onde o mapa indica que a cachoeira é, porque você vai dar na parte de trás dela, numa grade. Nós fizemos isso e tivemos que andar um monte para achar a entrada.

Siga o mapinha que disponibilizamos para o Maps.me!

A entrada para a Cachoeira Cheonjiyeon custa 2.000 won por pessoa.

A visita à cachoeira leva menos de 1h, porque é só olhar e ir embora mesmo.

Já teve uma hidrelétrica ali e já foi lugar sagrado para o povo original da ilha. Hoje em dia é lotado de turistas, porque é a cachoeira mais próxima da cidade.

Veja mais sobre ela nesse vídeo.

Cachoeira Jeongbang (정방폭포)

Caminhe mais uns 30 minutinhos até a entrada da Cachoeira Jeongbang, ainda em Seogwipo, e a mais linda da Ilha de Jeju em nossa humilde opinião.

Uma cachoeira IMENSA que cai na PRAIA! Não é todo dia que a gente vê uma dessas, né? Segundo algumas fontes essa é a única cachoeira na Ásia que cai direto no mar!

A entrada custa 2.000 won por pessoa e a visita é rápida (menos de 1h).

Porém nós fomos perto do horário do pôr-do-sol e a vontade de ficar por lá foi maior do que a de ir embora.

Nas pedras da praia você encontra um “restaurante” improvisado, onde moradores vendem frutos do mar super frescos. Refeição com aquela vista não é todo dia.

Mostramos essa cachoeira aqui:

Penhascos Jusangjeolli (주상절리대)

Use o Kakao Maps para saber qual o melhor ônibus para chegar até esse local. No Maps.me nós marcamos a parada de ônibus, que fica a uns 10 minutos de caminhada da bilheteria.

Os Penhascos Jusangjeolli são um conjunto de mirantes na beira do mar, de onde você consegue observar colunas de basalto.

Colunas de basalto são especiais porque são formações regulares, em formato comprido com geralmente 5 ou 6 lados, resultado do endurecimento da lava vulcânica.

É bonito? É sim. Mas é imperdível? Nossa opinião: não! Não demoramos nem 10 minutos para caminhar pelos mirantes e achamos meio ridículo cobrarem 2.000 won para entrar ali. As colunas são poucas e não compensa o esforço de ir até lá.

Cachoeiras Cheonjeyeon (천제연 폭포)

Não, eu não coloquei duas vezes a mesma cachoeira aqui no post. Aquela que eu falei primeiro era a Cachoeira Cheonjiyeon, e agora vou falar das Cachoeiras Cheonjeyeon. Viu a diferença nos nomes?

As Cachoeiras Cheonjeyeon são um conjunto de 3 quedas no Rio Jungmuncheon, em Jungmum (a área dos resorts).

Para chegar lá basta pegar um ônibus até a parada chamada Cheonjeyeon Falls. Use o Kakao Maps para saber a melhor opção de transporte até lá.

Se tiver disposição, são mais ou menos 2,5 km para chegar caminhando (subida) dos Penhascos Jusangjeolli.

A primeira cachoeira na verdade só existe quando chove MUITO. Nós fomos sem chuva e não tinha nenhuma gota, porém o poço e o paredão por onde a água deveria correr são lindos.

A segunda cachoeira já é mais “normal”, com uma queda bem bonita. Mas não tão impressionante quanto as que vimos lá em Seogwipo.

Depois da segunda queda o caminho passa pela Ponte Seonimgyo, que é bem bonita. Ela é bem alta e cruza o rio, então lá de cima dá pra ver o vale embaixo de você e o vulcãozão que fica no meio da ilha.

Para chegar até a terceira cachoeira a caminhada já é mais longa, então nós ficamos com preguiça de ir (e de ver mais cachoeira). Mas o local é todo bem sinalizado, então basta seguir as placas.

Seongsan Ilchulbong (Sunrise Peak) (성산 일출봉)

O grande cartão postal da Ilha de Jeju! Uma das 7 Novas Maravilhas Naturais do Mundo, mesma lista da qual as Cataratas do Iguaçu fazem parte!

Leia também: Quais São as 7 Maravilhas do Mundo Moderno

O Seongsan Ilchulbong, ou Sunrise Peak, é um vulcãozinho que fica no extremo leste da Ilha de Jeju e que guarda cenários impressionantes.

Conforme seu nome diz, o horário mais bonito para visitá-lo é ao nascer do sol. Nós fomos ao meio dia e, tirando o sol forte na cara, achamos incrível.

Saindo de Seogwipo nós fomos de ônibus até a parada “Seongsan Entrance”, que fica bem perto da bilheteria. A viagem levou mais ou menos 1h30.

Antes de ir correndo para a bilheteria e para as intermináveis escadas que levam ao topo do vulcãozinho, nós fizemos (e aconselhamos que você faça também) uma caminhada pelo calçadão da praia que fica do lado oeste do vulcão.

Foi ali que encontramos, casualmente, as Haenyeo, as famosas mergulhadoras da Ilha de Jeju.

Antes de continuar falando do vulcão, vamos abrir um parênteses para falar dessas mulheres:

As Pescadoras da Ilha de Jeju (Haenyeo) na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

As Haenyeo são as mergulhadoras/pescadoras da Ilha de Jeju. São mulheres, hoje em dia normalmente na casa dos 50+ anos de idade (boa parte delas de idade bem mais avançada), que mergulham durante horas e permanecem por vários minutos embaixo d’água para capturar mariscos, algas e outros frutos do mar.

Elas representam a estrutura matriarcal da Ilha de Jeju. Enquanto muitas mergulhavam junto com seus maridos desde os anos 400 antes de cristo, a partir do século 17 as Haenyeo ganharam independência e importância como parte da comunidade de pescadores da ilha.

Com o tempo as Haenyeo substituíram os homens como principais provedoras da família.

Depois do domínio japonês sobre a Coreia do Sul, quando as Haenyeo conseguiram lucrar ainda mais com sua pesca, elas começaram a ter melhores condições de vida e, principalmente, conseguiram mandar seus filhos e filhas para estudar nas cidades grandes.

Com isso, o número de garotas jovens que trabalhavam como Haenyeo foi diminuindo, e a idade média das mergulhadoras foi aumentando.

Enquanto em 1965 haviam mais de 23 mil Haenyeo com 30 anos de idade ou menos, até 2014 esse número já tinha se tornado bem diferentes: restavam cerca de 4 mil Haenyeo, a maioria com mais de 50 anos.

Hoje as Haenyeo são reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. E é nas praias mais isoladas da Ilha de Jeju que você conseguirá avistá-las trabalhando.

Embora haja um restaurante à beira mar que ofereça um “show” com horário marcado para ver as Haenyeo, é muito mais legal e natural encontrá-las “sem querer”.

Acho meio estranho pagar para ver alguém trabalhando, ainda mais quando se trata de um trabalho tão árduo. Mas o restaurante parece ser gerido por elas mesmo, então pelo menos não é só um burguês gordo se apropriando do trabalho delas.

É por isso que recomendados caminhar pela praia ao oeste do vulcão Seongsan Ilchulbong antes de subi-lo. Ali fica uma base das Haenyeo e com sorte você verá algumas delas, com suas imensas boias cor de abóbora e suas redes cheias de frutos do mar fresquinho.

Depois de passar um tempinho respirando a brisa do mar e observando as Haenyeo, vamos voltar ao Seongsan Ilchulbong:

Subindo o Seongsan Ilchulbong

Eu sei que “subir um vulcão” parece cansativo e até perigoso, mas não é o caso aqui.

Depois de passar pela bilheteria e pagar os 5.000 won de entrada por pessoa, é só seguir as placas rumo ao topo do vulcão.

Calcule de 20 a 40 minutos para subir, dependendo do seu preparo físico. Nós demoramos 40 parando bastante para fotografar e fazer vídeos.

Embora a subida tenha vistas incríveis, o topo do vulcão em si não nos impressionou muito. A cratera está tomada por vegetação e você só pode olhar de um mirante. A melhor vista foi do mirante no último lance de escada antes de chegar no topo.

Como nós estávamos ali no começo da tarde, o sol estava na cara e ofuscando tudo. Não conseguimos ver o mar para além da cratera. Talvez essa seja a vantagem de ir bem cedinho.

A descida é por um caminho diferente da subida, e te leva até alguns mirantes para o norte do vulcão. Ali tem uma praia de areia preta, linda com o vulcão ao fundo, e é onde fica o restaurante que tem o “show” das Haenyeo.

Se você quiser provar os frutos do mar que elas acabaram de pescar, pode comer ali no restaurante, independente de ser horário de showzinho ou não.

Veja como foi nosso passeio:

Ilha Udo (우도)

De frente para essa região do vulcão fica a Ilha Udo, conhecida como a “mini Jeju”. Dizem que a ilha tem tudo que Jeju tem, mas em miniatura.

Para quem tem interesse, vale a pena combinar o vulcão + um passeio pela Ilha Udo no mesmo dia. Os barcos saem do porto ali pertinho.

É possível contornar a Ilha Udo de bicicleta motorizada ou de ônibus turístico. São apenas 16km e algumas paradas de interesse, então mesmo para quem não tem muito tempo é um passeio possível.

Como nós estávamos mais interessados em conhecer a Ilha Jeju, e com tempo à beça, não fomos até a Ilha Udo.

Caverna Manjanggul (만장굴) na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

Um dos lugares mais visitados da Ilha de Jeju é a Caverna Manjanggul, que se estende por quase 9km embaixo da terra.

É reconhecida por ser muito bem preservada e por abrigar algumas espécies de animais, incluindo uma imensa colônia de morcegos.

Além disso, a iluminação da caverna parece ser bem interessante, com muitas cores. Muita gente acha esse passeio imperdível em Jeju, especialmente se você nunca viu uma caverna desse tipo antes.

Nós não achamos que valia a pena o deslocamento até o local, já que é o único ponto de interesse nessa parte da ilha. Então não fomos.

A entrada custa 2.000 won por pessoa e o passeio por dentro da caverna dura até 1h.

Praias Hyeopjae (협재해변) e Gaeumneung

Duas praias vizinhas que são consideradas as mais bonitas da Ilha de Jeju.

Nós fomos até lá meio descrentes, sem acreditar que veríamos de fato uma praia bonita na ilha. E nos surpreendemos! Uma pena que viajamos no inverno.

A Praia Hyeopjae é a mais popular, mas achamos a Gaeumneung mais bonita. As duas ficam de frente para a Ilha Biyang, para onde aparentemente há passeios de barco no verão.

As duas praias são conectadas pela estrada ou por uma passarela de madeira que passa pelo meio das palmeiras.

Some a esse cenário a areia bem branquinha e a água com vários tons de azul translúcido para entender porque essas praias são realmente uma belezura.

Veja essas praias melhor em nosso vídeo:

Ali ao lado delas ainda há um outro local que muitos turistas visitam, chamado Hallim Park. Trata-se de um conjunto de jardins, caverna e até uma cachoeira, mas quase tudo é artificial.

Nós fomos até a bilheteria e levamos um choque com o preço para entrar: 12.000 won, mesmo sendo temporada baixíssima!

Pesquisamos melhor e descobrimos que o lugar é basicamente um parque temático, e de maneira alguma um parque natural (com exceção da caverna). E o pior: eles mantém vários animais em cativeiro em péssimas condições. Não é o tipo de turismo que apoiamos!

Hallasan National Park (Trilhas)

Nós já falamos bastante sobre o que fazer no sul, leste e oeste da Ilha de Jeju, e também já explicamos que o norte não tem muita coisa interessante. Você deve estar olhando para o mapa e se perguntando: “e o meio da ilha? O que tem lá?”.

A resposta é: o Hallasan National Park, lar do vulcão Hallansan, o ponto mais alto da Ilha de Jeju e de toda a Coreia do Sul, com 1.950m acima do nível do mar.

Há várias maneiras de explorar o Hallasan National Park, por trilhas de nível médio ou alto de dificuldade.

Somente duas trilhas te levam ao pico do Hallasan: a Seongpanak (9,6km só ida) e a Gwaneumsa (8,7km só ida).

Para fazer qualquer uma dessas duas, é preciso se registrar com antecedência no site oficial (clique aqui).

As trilhas podem ser fechadas devido ao mau tempo, então também é bom ficar de olho nesse site para saber a previsão do tempo e as condições atuais.

Seongpanak ou Gwaneumsa?

Para chegar ao pico do Hallasan (e voltar) uma pessoa com bom condicionamento físico leva em torno de 7 a 9 horas.

Nós não fizemos nenhuma dessass duas trilhas, mas reunimos algumas informações úteis que vamos colocar aqui.

Embora a Seongpanak seja uma trilha mais extensa, seu nível de dificuldade é menor, porque tem subidas menos íngremes. A entrada é pelo nordeste do parque.

A Gwaneumsa é mais curta, porém com trechos mais difíceis. A vantagem é que menos gente vai por lá, o que pode ser um alívio na temporada alta. A entrada é pelo norte do parque.

Lembre-se que os coreanos adoram fazer trilha, então por mais que seja difícil chegar ao pico do Hallasam, não é raro o caminho ficar congestionado.

Muita gente escolhe subir por uma das trilhas e descer pela outra. Para quem vai de transporte público, há ônibus passando pela entrada de ambas.

Quem não quer subir até o pico do Hallasam tem várias outras opções de trilhas mais suaves para fazer pelo parque nacional, com mirantes que dão para o vulcãozão lá no meio. As mais populares são essas:

Eorimok e Yeongsil na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

A Eorimok (4,7km só ida) e a Yeongsil (3,7km só ida) são trilhas razoavelmente fáceis para quem quer explorar os arredores do vulcão Hallasan.

Enquanto a Yeongsil é mais curta, ela também apresenta mais trechos íngremes e difíceis, caminhando por pedras irregulares.

Como nós estávamos viajando no inverno e corríamos risco de enfrentar alguma neve, escolhemos fazer a Eorimok, que tem boa parte do caminho coberta por passarelas e escadas de madeira.

Fomos de ônibus até a parada “Eorimok” do ônibus 240 (que demora muito para passar, então confira os horários antes caso vá pegá-lo) e de lá começamos a caminhada.

O ônibus vai até um estacionamento que fica a 2,5km da entrada da trilha de fato. Esse caminho percorre-se pelo asfalto, sempre subindo. Nós demoramos 1h.

Para quem vai de carro, é possível estacionar lá na entrada da trilha e evitar essa caminhada, mas tem que chegar cedo, porque quando esse estacionamento enche, você precisa deixar o carro no de baixo.

Ao chegar na entrada da trilha, o porteiro nos informou que o horário de entrada por ali era até o meio dia, para que nenhum turista corra o risco de ficar no meio do caminho quando escurecer.

Já era bem mais tarde que isso, e depois de um pouco de conversa ele nos deixou passar para andar um pouquinho pelo menos.

E as passarelas e escadas de madeira que nós esperávamos encontrar estavam totalmente cobertas de neve, tão pisoteadas que tinham virado uma pista de gelo.

A maioria das pessoas por ali tinha alugado grampos para colocar embaixo da bota e andar com mais segurança. No estacionamento bem no começo da trilha tem uma loja que oferece esse e outros equipamentos.

Nós caminhamos menos de 20 minutos e desistimos. Estava de fato muito escorregadio, e o primeiro mirante de onde poderíamos ver o vulcão ainda estava bem longe.

A trilha não é difícil, mesmo no inverno, desde que você chegue cedo e tenha o equipamento correto. Tinha inclusive famílias com crianças percorrendo ela, mas nós ficamos de fora por falta de planejamento mesmo.

Não deixe de ver o vídeo desse dia de passeio:

Olle Trails (Trilhas)

Como já estamos falando de trilhas, assim que começamos a ler sobre a Ilha Jeju já nos deparamos com as tais “Olle Trails”. O que são elas?

As Olle são trilhas organizadas em torno da lha Jeju. No total são 425 km, dando a volta na ilha.

Para aqueles que amam caminhar, dá pra passar um mês inteiro andando pelas Olle Trails da Ilha de Jeju.

Algumas das Olle Trails são reconhecidamente mais bonitas que outras. Muitas passam pelos pontos turísticos que já falamos até agora aqui nesse texto.

Por exemplo: a trilha Olle 7 passa pela Pedra Oedolgae. A trilha Olle 15 passa pelas praias Hyeopjae e Gaeumneung.

Há vários sites que classificam as trilhas Olle quanto à sua beleza, dificuldade e estrutura. Vale a pena pesquisar bem antes o que você busca e escolher uma (ou várias) que oferecem o que você quer.

Parques Temáticos e “Museus” na Ilha de Jeju – Coreia do Sul

Quando começamos a pesquisar sobre o que fazer na Ilha de Jeju nos deparamos com um monte de parques temáticos e “museus” que soavam como falcatrua.

Alguns exemplos: “Museu do Ursinho de Pelúcia”, “Parque do Sexo” e vários outros do tipo.

A princípio ficamos com a impressão de que isso era tudo que tinha pra fazer na ilha, mas se tratando de uma ILHA no OCEANO PACÍFICO achamos meio impossível.

O que acontece é que Jeju recebe muitos turistas, e tem gente interessada em tudo. Inclusive nesses parques e “museus” (que são super lucrativos, diga-se de passagem).

Claro que alguns são bem atraentes, como o tal Parque Loveland, com temática de sexo e saúde. Mas não fomos a nenhum e não vamos falar muita coisa sobre eles aqui, porque não é nosso foco.

Outra coisa que vale mencionar, que é bem comum nos locais turísticos da Ilha de Jeju, é procurar cenários que foram parte de dramas coreanos.

A cultura pop coreana tem se espalhado pelo mundo, e em Jeju você tem a chance de tirar fotos em vários locais que já viu antes na telinha. Também não é nosso caso, então não podemos falar muito sobre quais são os lugares.

A mais recente foi a bombástica série Round 6 🙂

Além de Jeju, nós também listamos 23 Cidades e Pontos Turísticos da Coreia do Sul para quem quer explorar mais a fundo o país. Não deixe de conferir.

Dinheiro na Coreia do Sul

Nome da moeda: Won Sul-Coreano (KRW)

Cotação (setembro/2022): 1000 won = R$3,67

Lembrando que ao usar seu cartão no exterior (para fazer compras ou saques) você paga um imposto (IOF) de 6,38%.

Já ao comprar a moeda estrangeira no Brasil e viajar com ela em mãos, esse valor cai para 1,10%! Caso você não encontre Won a um bom preço para comprar antes de viajar, leve dólar e troque o dinheiro lá.

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Como o Won é uma moeda cheia de zeros, para facilitar as contas nós considerávamos 1.000 KRW como 1 dólar. Até mesmo os coreanos falam em dólar usando essa conversão.

Importante saber: na Coreia do Sul todos os caixas eletrônicos que usamos cobraram taxa para sacar. Alguns cobravam em torno de 1,5%, outros tinham taxa fixa. Na dúvida, o KB (que tá por todo lado) e o Busan Bank (na cidade de Busan) cobram taxa fixa de R$12, então vá lá e saque o máximo possível.

Seguro Viagem Para a Coreia do Sul

Embora a Coreia do Sul seja um país muito seguro, imprevistos acontecem. O grande problema é que a Coreia do Sul é um país super caro, e uma conta de hospital por lá deve levar qualquer um à falência.

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