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O Lado Mais Bonito da Sibéria: Viagem Pelas Montanhas do Altai – Rússia

sibéria viagem

Fazer uma viagem para a Sibéria nos parecia algo impossível e inóspito, até que ouvimos falar das Montanhas do Altai, uma região da Rússia que faz fronteira com a China, a Mongólia e o Cazaquistão.

Clique aqui para abrir o mapa com legenda

Essa região, cujo nome é oficialmente República do Altai, é conhecida pelas Montanhas do Altai, cenário bem diferente da planície que cobre boa parte da Rússia, por onde viaja o trem Transiberiano.

Também é conhecida pela Chuyskiy Trakt, uma das estradas mais bonitas do mundo.

E não são lindas mesmo as Montanhas Altai?

Como se não bastasse, o que atrai (ainda que poucos) visitantes para a República do Altai é a diferença cultural que essa região apresenta em relação à Rússia ocidental (europeia).

Nas montanhas da República do Altai a crença predominante é o Xamanismo, e não o Catolicismo Ortodoxo. A etnia do povo de lá é misturada com a mongol, então espere ver mais olhos puxadinhos e menos cabelos loiros.

Até o idioma é outro, já que lá eles falam um dialeto que tem o turco como língua-mãe. Soa mais parecido ao mongol ou ao idioma uzbeque, tendo um parentesco distante com o japonês também.

Filha da nossa anfitriã em Onguday mostrando a roupa típica das montanhas da República do Altai

E para nós, acima de tudo, essa viagem pela Sibéria, desvendando a República do Altai, era uma promessa de paisagens naturais deslumbrantes com pequenos vilarejos, uma mudança de cenário em nossa rota pela Transiberiana, que até agora tinha passado somente por cidades de grande e médio porte.

Nesse post vamos nos referir a esse trecho do nosso roteiro mais como uma viagem pela Sibéria e pela República do Altai do que pela Rússia de fato.

E isso faz todo sentido, pois a República do Altai goza de certo status independente. Isso porque se trata de uma república, tipo de divisão mais autônoma do que um simples estado ou província dentro da Rússia.

Nós já explicamos essas divisões e muitas outras coisas básicas para viajar pela Rússia em outros post bem detalhadinhos. Leia aqui:

Viagem Pela Sibéria – República do Altai

A República do Altai é grande e nem todo lugar é facilmente acessível, e deve se levar em conta questões como clima e estradas.

Ao planejar sua viagem por lá, atente para o seguinte: a região vizinha da República do Altai se chama Krai de Altai.

Os krais são outra divisão administrativa da Rússia, como já explicamos. Apesar de terem o mesmo nome, é na República do Altai onde a etnia altai é grande maioria, enquanto no krai vizinho já há maior presença dos russos.

Quando Fazer Uma Viagem Para a Sibéria e as Montanhas Altai

Dá pra viajar pelas montanhas da República do Altai durante o ano todo, mas esteja muito preparado se você escolher ir no inverno. Muito preparado de verdade!

Nós viajamos no fim da primavera, na primeira quinzena de junho, e não conseguimos imaginar uma época melhor. O clima estava agradável e os lugares estavam vazios.

A neve já tinha derretido e a lama já tinha secado, então os caminhos estava fáceis (tanto de carro quanto a pé).

Um dia lindo na nossa viagem pela Sibéria

Por mais que as montanhas da República do Altai ainda não sejam mega turísticas, no verão os lugares interessantes podem ficar bem cheios e bagunçados, especialmente os mais ao norte da região, perto de Gorno-Altaisk e de Chemal.

O segredo é evitar viajar para lá entre 15 de julho e 15 de agosto, quando os russos estão de férias.

Em contrapartida, nessa época que há mais opções de transporte público, bem escasso nessa parte da Sibéria.

Onde Fica e Como Chegar na Sibéria (República do Altai)

Para chegar em Gorno-Altaisk, cidade base para começar essa viagem e capital da República do Altai, você precisa parar em Novosibirsk durante sua viagem pela Transiberiana, e de lá rumar para o sul.

A primeira opção é pegar um trem até Biisk e de lá seguir para Gorno-Altaisk de ônibus ou carro alugado (já já explico a questão do aluguel de carro).

A segunda opção é pegar um ônibus direto de Novosibirsk para Gorno-Altaisk, pois lá o trem não chega.

Nós estávamos cansados da viagem pela transiberiana, então ainda fizemos uma parada em Barnaul, cidade tranquila onde descansamos por uns dias antes de começar essa viagem pela Sibéria.

De fato Barnaul é um bom pouso para quebrar a viagem longa, pois se trata de uma cidade desenvolvida. É a capital do Krai do Altai.

Leia mais sobre ela aqui: Barnaul – Rússia: O Que Fazer, Onde Ficar e Mais Dicas

Se você não vai viajar para a Sibéria pela transiberiana, mas quer conhecer a República do Altai, há voos de Moscou direto para Gorno-Altaisk.

As montanhas da República do Altai também são acessíveis pelo sul, cruzando a borda com a Mongólia (por uma região chamada também de Altai, mas do lado mongol).

Nós não seguimos por esse caminho, mas existem relatos de que é necessária uma permissão para cruzá-la. Também lemos o contrário, que se pode cruzar a fronteira livremente.

Recomendamos tentar confirmar a informação caso seu roteiro de viagem envolva essa fronteira.

Apesar de fazer fronteira também com o Cazaquistão e com a China, não há estradas desde a República do Altai para esses países (porque é tudo montanha). Entretanto, desde o Cazaquistão é possível seguir até Barnaul e de lá descer para Gorno-Altaisk. Já da China não há estradas.

Existe a opção de chegar ou seguir viagem pela República de Tuva, outra região da Sibéria dentro da Rússia. Porém essa região da fronteira é conturbada.

Como ali em cima, recomendamos pesquisar bem a situação antes de incluir esse roteiro na sua viagem pela Sibéria.

Brasileiros não precisam de visto para a Mongólia (90 dias), Rússia (90 dias) e nem Cazaquistão (30 dias, mas volta e meia a regra muda).

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Viagem de Carro Pela Sibéria

O melhor jeito de fazer uma viagem por essa parte da Sibéria é de carro, já que o transporte público é super escasso. A estrada é boa o suficiente para um motorista com pouca/média experiência dirigir sem problemas.

Nós planejamos alugar um carro em Gorno-Altaisk, porém a locadora só aceitava motoristas com mais de 3 anos de experiência, o que não era meu caso. O site da locadora é esse aqui.

Para evitar ficar refém da única locadora de carros da cidade, a melhor opção é alugar um carro em Biisk, cidade mais ao norte, por onde você passará de qualquer maneira se estiver vindo da rota transiberiana como nós, e onde haverá uma oferta maior de locadoras.

Viagem Pela Sibéria de Transporte “Público”

Como nós não conseguimos alugar um carro, fizemos nossa viagem pela Sibéria de transporte “público”.

Público está entre aspas porque nós acabamos pegando alguns carros privados que fazem a vez de ônibus, levando moradores pra cima e pra baixo na Chuyskiy Trakt.

Mas há ônibus regulares que percorrem a Chuyski-Trakt. Eles saem sempre de Gorno-Altaisk e o mais longe que chegam é até Kosh-Agach, e alguns seguem para umas cidades fora da estrada principal.

Rodoviária de Gorno-Altaisk

Porém esses ônibus são bem pouco frequentes e não dá para consultar os horários na internet, que mudam todo mês.

De todo modo, do lado de fora da rodoviária de Gorno-Altaisk sempre tem muitos carros indo para todo lado. O preço é sempre negociável.

A seguir no texto vamos falar sobre todos os lugares lindos de morrer que visitamos e como fizemos para chegar em cada um deles desse jeito improvisado que viajamos.

Roteiros de Viagem Pela Sibéria – República do Altai

Para falar sobre os possíveis roteiros de viagem pela Sibéria na República do Altai, primeiro vamos explicar o mapa da região.

Quando começamos essa viagem nós estávamos bem perdidos pela falta de informação, até que um amigo que fizemos em Gorno-Altaisk nos explicou tudo.

Ele abriu um mapa (de papel mesmo) da República do Altai e nos apontou os lugares interessantes, um a um, explicando as possíveis rotas e dificuldades.

Para ficar mais fácil aqui no blog, dividimos em 6 trechos de viagem.

Clique aqui para abrir o mapa com legenda

O primeiro e mais óbvio são os arredores de Gorno-Altaisk (em roxo no mapa), a capital da região.

Tem muitos lugares lindos e de fácil acesso ali, além de ser a porta de entrada para a região montanhosa. Então certamente esse trecho entraria no seu roteiro.

Perto de Gorno-Altaisk

O normal seria seguir a Chuyskiy Trakt direto até a fronteira, completando mais 2 trechos do nosso mapa: de Shebalino a Aktash e daí até Tashanta, já quase na Mongólia (em laranja e em amarelo no mapa).

Perto da fronteira da Sibéria com a Mongólia – Montanhas Altai ao fundo

Porém há um desvio a ser feito no caminho, que está marcado no nosso mapa como os arredores de Chemal (em azul claro no mapa).

Essa é uma parte incrivelmente linda e fácil da viagem, então vale a pena sair da Chuyskiy Trakt por um dia para voltar e seguir viagem no seguinte.

Perto de Chemal

Num roteiro fácil de carro pela Sibéria, essa seria a viagem completa. De Tashanta você pode seguir viagem pela Mongólia, mas esteja ciente da péssima condição das estradas, com pouquíssimo asfalto e muita areia fofa.

Outra opção é voltar de Tashanta para o norte até cruzar novamente com a Transiberiana, em Novosibirsk, e seguir viagem por lá. Se você alugou um carro, terá que voltar para devolvê-lo de qualquer modo.

Porém existe um roteiro no qual você consegue fazer um círculo, sem precisar ir e voltar pelo mesmo caminho. Mas é impossível ir de carro.

Nosso amigo de Gorno-Altaisk falou desse trajeto com brilho nos olhos.

Ele consiste em ir de Gorno-Altaisk até Artybash, cidade nas margens do famoso Lago Teletskoye na Sibéria, e de lá seguir numa viagem muito louca de barco, carona e sabe-se lá o que mais até alcançar novamente a civilização, bem ao sul, em Aktash (em verde no mapa).

O problema desse caminho é que ele é bem exagerado no quesito aventura, já que não há estradas de fato por um trecho longo. É bem difícil estimar quantos dias duraria uma viagem por lá, já que mesmo carros de locais são raros por ali.

O que é fácil de fazer é conhecer Artybash e curtir um dia ou dois no Lago Teletskoye, e depois voltar para Gorno-Altaisk. Há ônibus frequentes conectando as duas cidades. Falaremos mais sobre essa opção de passeio lá no fim do texto.

Uma outra dica que nos ajudou muito na hora de planejar nosso roteiro pela Sibéria na República do Altai, considerando que há pouca informação na internet, foi ler os comentários dos lugares no Google Maps.

Os russos sempre deixam comentários nos lugares que eles visitam, então se você encontrar algum ponto no mapa e clicar nele, conseguirá ver (com ajuda do tradutor) o que tem lá, com fotos e tudo.

Agora vamos falar detalhadamente como foi nosso roteiro, contando um pouco dos lugares que conhecemos e passando a informação que reunimos dos lugares que não chegamos a ir.

Você já está animado para essa viagem? Nós estamos morrendo de vontade de ir de novo!

Arredores de Gorno-Altaisk

Foi o primeiro trecho da nossa viagem pela Sibéria (em roxo lá no mapa), quando começamos a nos apaixonar pela República do Altai.

Nós conhecemos os arredores de Gorno-Altaisk em 2 dias de passeios, porque em um deles estávamos a pé. Se você estiver de carro o tempo todo, consegue ver tudo em um dia.

É a capital da República do Altai. Não chega a ser uma cidade grande (55 mil habitantes), mas com certeza é a maior que você verá durante um bom tempo.

Gorno-Altaisk tem hotéis, restaurantes e bastante comércio. Ao lado da estação de ônibus tem um mercado grande.

Nós nos hospedamos no Hotel Parnas, que fica numa região fora do centro, porém com bastante comércio.

A experiência foi excelente. Tudo lá é novinho em folha e o café-da-manhã é bem servido. Tudo por um preço super justo.

Hotel Parnas

Não perca muito tempo na cidade, já que tudo que há de bonito e interessante está nos arredores.

Um passeio rápido que nós fizemos (de carro) foi subir a antena de TV da cidade, de onde se tem uma vista bem legal da região. Gorno-Altaisk é toda rodeada de montanhas.

Vista da antena de TV

Uma coisa interessante na cidade é que há fontes de água espalhadas pelas praças. Os moradores estão sempre fazendo fila para encher seus galões e levar para casa. Nós bebemos de uma e era de fato muito boa (e gelada).

Descendo a estrada rumo ao sul você vai passar por uma cidadezinha chamada Souzga, na beira do Rio Katun.

Do outro lado do rio fica o belíssimo Lago Aya, e para chegar lá há duas opções: uma ponte antiga e uma ponte nova.

Para atravessar de carro você deve ir pela nova, já que a velha é somente para pedestres. Mas isso não quer dizer que você não deva dar uma passadinha por lá.

Essa ponte de madeira para pedestres é bem antiga, mas está bem preservada e é linda. Ela balança bastante e o rio passando lá embaixo é bem agitado, então dá um certo medinho. Eu, pelo menos, fui me segurando no corrimão.

Ponte velha de Souzga

Do meio da ponte o visual para dos arredores é incrível: árvores cobrem os morros sem deixar nenhum espacinho vazio. No meio do rio há uma ilha com um hotel aparentemente de luxo, o Corona Altaya.

Para caminhar pela ponte paga-se uma taxa de 50 rublos. Na entrada tem uma pessoa cobrando e uma placa avisando sobre a taxa. Não nos pareceu muito oficial, mas não tivemos escolha.

Cotação (janeiro/2022): 10 rublos russos = R$0,75

Pode ver que eu tô perto do corrimão 🙂

Um lago pequeno, porém muito bonito. Metade das suas margens são tomadas por vegetação selvagem, mas a outra metade foi totalmente transformada num resort para turistas.

Há dois ou três hotéis que dividem o espaço com seus chalés, piscinas e restaurantes. O maior e principal é o Park Hotel Aya.

Lago Aya

Tem uma estrada que te leva até o Lago Aya se você estiver de carro pela Sibéria, mas para quem vai a pé tem uma escada metálica subindo pelo meio do mato.

Nós não nos hospedamos em nenhum dos hotéis do lago, mas fomos até lá só para conhecê-lo. Entramos, caminhamos pela margem e tiramos muitas fotos. Só não demos um mergulho porque estávamos sem roupa apropriada.

Só na hora de ir embora foi que percebemos que, provavelmente, a entrada era paga. Isso ficou meio óbvio quando sentamos em um restaurante para almoçar e nos disseram que precisava ter o cartão do hotel, já que eles não recebiam o pagamento ali. Ops.

Lago Aya

Os hotéis ali são o Eco-Hotel Aya e o Park-Hotel Lake Aya (foi nesse segundo que entramos de penetra).

Uma montanha com uma rocha saliente que parece um dedo, e por isso ganhou o nome “o dedo do diabo”.

De lá você tem uma vista panorâmica das montanhas e do rio, além de conseguir uma foto bonita na tal pedra/dedo.

O Dedo do Diabo
Foto: SilvioMartin [CC BY-SA]

O acesso pode ser feito de carro ou a pé. De acordo com os relatos que lemos, o caminho de carro é bem difícil e carros comuns não conseguem passar.

A pé são cerca de 3,5 km a partir do Lago Aya. O app Maps.me tem as trilhas marcadas para seguir off line.

Para quem sobe de carro há uma taxa de 350 rublos pelo veículo, e para quem vai a pé é de 100 rublos por pessoa. Mas essa e todas as possíveis taxas de entrada na República do Altai variam bastante conforme a estação.

É um cassino e hotel com um heliporto em meio a colinas verdejantes da Sibéria, de dar inveja aos Teletubbies. Cheguei lá de carro com o amigo que fizemos em Gorno-Altaisk.

Não há muito para ver ali, exceto a sensação de estar no meio do nada. Aparentemente estão preparando a região para ser um grande pólo de jogatina e diversão. O site do cassino é esse.

Altai Palace

Outro lugar que está se transformando em pólo turístico. Não encontramos o nome em inglês, mas se trata de um espaço na beira do rio Katun, com montanhas e cavernas (dentre elas a do próximo tópico), tudo bem estruturado e bonitinho.

Paga-se para entrar, mas não nos cobraram. Nosso amigo de Gorno-Altaisk acredita que só cobrem na temporada alta.

Uma caverna muito visitada na região. Nós não fomos, mas lemos que no verão da Sibéria fica bem cheio de turistas.

Os passeios são organizados, com guia, e paga-se 100 ou 150 rublos por pessoa. A dificuldade do passeio é média, pois há uma escada bem longa e íngreme, e depois um trecho pelo qual tem que passar de cócoras. Mas nosso amigo disse que vale muito a pena.

Entrada da Caverna

Para quem gosta de aventuras (e está em muito boa forma) há como explorar a caverna por até 6h com um guia.

Nikolai Konstantinovich Roerich foi um russo cheio de habilidades, especialmente nas artes, mas ficou conhecido por ter sido a pessoa que tentou unir as religiões da região numa só, tendo caminhado pra todo lado levando sua filosofia, incluindo a República do Altai.

Também é conhecido pelas suas ideias a respeito da herança cultural dos povos. Foi indicado ao Nobel da paz e tem um pacto internacional com seu nome, do qual o Brasil é signatário.

Bem, ele tem uma estátua dentro desse mesmo pólo turístico. Outro que tem estátua lá é o John Lennon.

A estátua do cara

Arredores de Chemal

Saindo da Chuyskiy Trakt, na altura de um local chamado Ust’-Sema (Усть-Сема), há uma estrada que segue para o sul paralela à Chuyskiy Trakt, e passa por uma cidade chamada Chemal (roteiro em azul claro lá no mapa).

Nessa estrada há vários lugares bonitos e muita estrutura turística: hotéis, restaurantes e opções de passeio (de cavalo, de triciclo, de barco, de helicóptero) aos montes. É um dos principais pontos turísticos da República do Altai.

Nós percorremos essa estrada de carro em um dia, indo e voltando de Gorno-Altaisk, e fizemos o seguinte roteiro:

Parada mais que obrigatória para quem está fazendo uma viagem por essa parte da Sibéria. Patmos é uma ilha do Rio Katun, que foi batizada em homenagem à ilha grega de mesmo nome.

Ilha Patmos

A Patmos russa é uma ilhota bem pequenina, com uma igreja ortodoxa tomando quase todo o terreno, ligada à margem do rio por uma ponte suspensa. Os arredores são de uma beleza espetacular.

Ponte suspensa

Depois de visitar Patmos é possível fazer várias trilhas pela margem do Rio Katun, passando por vários mirantes.

Muitos mirantes lindos

Esse caminho está indicado no mapa como Koz’ya Tropa e vai te levar até uma antiga usina hidrelétrica, onde um rio menorzinho deságua no Katun.

As águas dos dois rios têm coloração e correnteza bem diferentes um do outro, então o encontro deles tem um efeito visual bem interessante.

Na região da antiga usina hidrelétrica foram construídas várias estruturas de esportes de aventura: tirolesa, bungee jumping e várias pontes suspensas sobre o rio. Também dá para alugar caiaque e navegar por lá.

A antiga usina

Dá pra passar umas boas horas ali se o tempo estiver bom. Tem várias barraquinhas que vendem comida e artesanato. Destaque para o mel, que é vendido misturado com frutas e sementes, em várias cores e sabores diferentes.

Isso tudo é mel. Um mais gostoso que o outro.

Uma cachoeira escondida no meio das montanhas, não muito longe da estrada. Para chegar até ela você precisa fazer uma trilha que sobe bastante, mas que não é muito difícil.

O acesso é a partir da Base Turística Baza Otdykha “Che-Chkysh” (База отдыха “Че-Чкыш”), onde você paga uma taxa de visitação (entre 100 e 200 rublos) e recebe as instruções para a trilha.

Uma mini cachoeirinha que fica em uma mini cidade chamada Yelanda. Dá pra chegar até bem perto dela com o carro, mas não espere muita coisa.

É só uma queda d’água bem pequena, com vaquinhas pastando em volta e montanhas ao fundo. Bonito, mas não imperdível.

Ali nas árvores você consegue observar pedaços de tecido amarrados, o que faz parte de rituais xamânicos.

Cachoeirinha

Simplesmente um dos lugares mais lindos que já vimos na vida. Nesse ponto da estrada há uma prainha, onde tinha bastante gente se banhando e vaquinhas pastando.

Muitas vaquinhas pelo caminho

A vista das pedras que rodeiam a prainha é absurdamente incrível. O rio corre com muita força ali, e as montanhas pedregosas ao fundo têm tonalidades de verde e roxo que mudam conforme o sol bate.

De tirar o fôlego
Que lugar!

Do outro lado da estrada tem uma caverna que pode ser visitada, mas nós não fomos.

Uma das poucas pontes para cruzar o Rio Katun de carro. O visual dali também é indescritível, com as montanhas de todos os lados e rio com a correnteza forte embaixo da gente.

Ponte sobre o Katun
Vista da Ponte

A partir daqui a estrada começa a ficar bem complicadinha. Nós atravessamos a ponte e seguimos para a esquerda, depois de cruzar um riacho.

Ficamos com medo do carro atolar, mas como tinha pouca água deu tudo certo. Quem estava dirigindo nesse dia era nosso amigo de Gorno-Altaisk, pois eu jamais me arriscaria a entrar ali.

Depois de atravessar o riacho, seguimos por mais um tempinho pela estrada de terra até esse mirante sensacional.

Atrás de nós estão as montanhas que nos separam da Chuisky Trakt, e na nossa frente o Rio Katun, com mais montanhas se estendendo para todos os lados.

Mirante incrível
Estátua no mirante

Outra opção, ao invés de atravessar a ponte e o riacho que falamos acima, é seguir pela estrada até uma cachoeira chamada Bel’tertuyuk. Fica depois da cidadezinha chamada Kuyus.

Nós não fomos, mas lemos que a estrada fica cada vez pior até chegar lá. E depois da cachoeira, é o fim da estrada de fato.

De Shebalino até Aktash

Agora vamos falar de mais um trecho dessa viagem incrível pela Sibéria, desvendando a República do Altai.

Até então no nosso roteiro nós havíamos dormido 3 noites em Gorno-Altaisk. Tiramos 2 dias para conhecer os arredores da cidade e 1 dia para ir conhecer os arredores de Chemal.

Você pode dormir perto de Chemal para voltar para a Chuyskiy Trakt no dia seguinte. Se estiver de carro é a melhor opção.

No quarto dia de viagem nós pegamos um ônibus na rodoviária de Gorno-Altaisk que nos levou até Onguday.

Passamos por um trecho bem longo de estrada em meio a uma vegetação bem densa. Durante algumas horas pelo caminho vimos poucas hospedagens e restaurantes, mas o visual impressionante de sempre.

O único ponto de interesse nesse trecho de estrada entre Shebalino e Onguday. Esse local fica num ponto da estrada de altitude mais elevada, a 1.700m acima do nível do mar.

Lá tem várias lojinhas de souvenir e cafés, então é realmente um ótimo lugar para parar e descansar. Se estiver disposto, dá pra fazer uma trilha de 10km (ida e volta) até um mirante.

Nós passamos por essa região de ônibus, então sequer paramos.

Não é um ponto turístico, mas um vilarejo maiorzinho da região. Como nós viajamos sem carro, nos hospedamos em Onguday e a partir de lá fizemos um passeio para ver os locais de interesse por perto.

Nossa varanda em Onguday

Onguday é um bom ponto de parada. Tem um mercado grande (Mariya-Ra – Мария-Ра), postos de gasolina e algumas opções de hospedagem.

Aqui nós tivemos uma experiência sensacional. Precisávamos de um lugar para dormir, mas não havia nada na internet. Então abrimos o Google Maps e procuramos por qualquer coisa que pudesse ser uma hospedagem na cidade.

Encontramos um lugar com um número de telefone anotado e pedimos para nosso amigo russo ligar. Ficou combinado de essa pessoa misteriosa que encontramos em um mapa nos buscar na parada de ônibus.

Quando chegamos lá, a Cynaru estava nos esperando. Ela não falava nenhuma palavra em inglês, mas nos levou até a casa dela, numa parte alta da cidade com vista incrível, e nos cedeu um quarto. As hospedagens da cidade estavam sem vaga porque tinha um filme sendo feito na região.

Inclusive nós ficamos com os atores principais do filme no quarto do lado.

Depois entendemos que a casa é dela, mas os quartos são preparados para receber hóspedes mesmo. No dia seguinte combinamos de conhecer a região com ela e o marido, que nos levaram no carro deles por todos os lugares que vamos falar agora.

Cynaru e seu marido

Se você quiser ficar hospedado com essa família linda, entre em contato com ela: +79136925857

Eu e a filha da Cynaru

Semelhante ao Seminskiy, o Chike-Taman é um ponto de altitude elevada da estrada, ao sul de Onguday.

Há uma feirinha de produtos típicos e muitos mirantes para apreciar a vista incrível de lá. Nós caminhamos até o fim da feirinha e encontramos um mirante com várias árvores cheias de tecidos amarrados do Xamanismo.

Feirinha

Ali também é um ótimo lugar para observar a estrada antiga, que era usada antes da construção da Chuyskiy Trakt. É possível fazer trilhas e percorrer alguns trechos dessa estrada antiga, mas nós não fizemos isso.

A estrada antiga

Nesse ponto enfrentamos uma chuva de granizo fortíssima que durou 10 minutos e foi embora deixando o dia com o céu azul e límpido como estava antes. Isso nos lembrou de que estávamos fazendo mesmo uma viagem pela Sibéria. O tempo aqui varia muito rápido.

Granizo

Uma curva de rio muito bonita. Há umas cabaninhas para se hospedar ali. Nossos guias explicaram que é um ponto popular para competições de caiaque.

Mirante
Seguindo pela Chuyskiy Trakt

Ao lado há uma pedra que os locais juram ter o formato de um rosto, mas nós não conseguimos enxergar isso não.

Uma cidadezinha sem muita coisa pra ver além de uma estátua de Lênin. Mas não é qualquer Lênin! Quem está viajando pela Rússia já se acostumou a ver o cara pra todo lado, em estátuas e monumentos imponentes.

A diferença é que esse Lênin de Inya é bem menor do que o normal. Tão pequeno que a construção sobre a qual a estátua está chega a ser desproporcional.

Nós paramos lá para tirar uma foto, é claro.

O Pequeno Lênin com seu pedestal imenso

Um dos lugares mais lindos que vimos em nossa viagem pela Sibéria e em toda a nossa vida.

Esse mirante fica em uma curva de rio, onde o Katun encontra o Chuya. Ao fundo as montanhas compõem a paisagem.

Parada obrigatória!

Ao lado do mirante há um espaço amplo, onde paramos para fazer um pique-nique e apreciar a vista.

Almoçamos com essa vista

Nessa parte da República do Altai foram encontrados muitos petróglifos, e em Kalbak-Tash é possível ver alguns deles.

Petróglifos

Há uma recepção onde aparentemente cobram entrada, mas nós não precisamos pagar nada.

O passeio ali é rápido, só para ver os desenhos nas pedras, que são muitos em uma área pequena.

Tudo ao ar livre nesse cenário incrível

Seguindo mais um pouco pela estrada fica o Adyr-Kan, um local onde há uma pedra curiosamente inclinada.

Pelo que entendemos, há outras 3 pedras iguais a essa, a centenas de quilômetros dali, inclinadas exatamente no mesmo ângulo, de modo a formarem um círculo. Supostamente para proteção.

Ficamos sem entender a história dessa pedra direito

A construção da Chuyskiy Trakt é um marco na história dessa parte da Sibéria. Por isso foi construído um monumento, na beira da estrada, em homenagem aos trabalhadores que fizeram parte da obra.

Monumento aos trabalhadores que construíram a estrada

Além do visual de tirar o fôlego, o monumento conta a história da estrada (mas tudo em russo). Subindo um pouco o barranco do outro lado da estrada há também um trecho da estrada antiga, onde dá pra ver o quanto ela devia ser perigosa.

Vista do alto

Uma cachoeira acessível a partir de um estacionamento na beira da estrada. Não fomos lá, mas parece ser linda. São 30 minutos de caminhada montanha acima para encontrá-la.

De Aktash até a Fronteira

Se você está viajando de carro, Aktash é um bom ponto de descanso entre o trecho que acabei de explicar (em laranja no mapa) e o próximo trecho (em amarelo no mapa).

A partir daqui o cenário começa a mudar um pouco e a ficar, embora nós julgássemos impossível, ainda mais bonito.

Também é em Aktash que você tem a opção de fazer um pequeno desvio. Lembra daquele trecho mais aventureiro que eu mencionei no começo do texto (em verde no mapa)?

A partir de Aktash você consegue conhecer alguns pontos daquele roteiro, mas falarei mais sobre eles no final desse texto.

Como nós estávamos sem carro, nossa anfitriã (a Cynaru) entrou em contato com um motorista e combinou de ele nos levar de Onguday até Kosh-Agach. O carro era grande, tipo uma van, e havia outros passageiros fazendo a viagem, que foi tranquila.

Para Kosh-Agach só há um ônibus por dia e não tem passagens pro dia seguinte. Aliás, não há bilheterias pela estrada, então se você não está em Gorno-Altaisk, é quase impossível que consiga uma passagem pra qualquer dia.

Enquanto o carro não chega a gente tira foto no meio da estrada

A principal mudança nesse trecho é que as montanhas ficam mais altas e exuberantes. Esse ponto da estrada que marquei como Mirante Aktru foi justamente de onde a vista era mais bonita, embora a gente só tenha passado rapidamente de carro.

Os picos nevados começaram a aparecer!

Para quem quer sair da estrada e penetrar nas montanhas, esse é um bom lugar. Trata-se de um hotel bem lá no alto que organiza passeios pela montanha. Dá pra ir até uns lagos e geleiras surreais lá no alto.

São caminhos difíceis de percorrer, sendo necessário um veículo especial e um guia. Esse hotel organiza tudo.

Nós não fomos até lá, mas ficamos babando nas fotos no site deles, que tem tudo bem detalhado.

Como se todo esse cenário já não fosse surreal o bastante, em Chagan-Uzun, região convenientemente conhecida como “Marte”, você viaja para outro planeta.

“Marte” fica fora da Chuyskiy Trakt, seguindo por uma estradinha de terra. Nós não conseguimos um carro para nos levar até lá (o único que encontramos queria nos cobrar 7.000 rublos, que é o preço normal, só que optamos por não pagar), mas os relatos que lemos dizem que a estrada fica muito difícil se tiver chovido.

Mas o que há nesse tal de “Marte”? Colinas e mais colinas de coloração amarela, que se mescla com outras cores como o vermelho, o rosa, o laranja, o roxo… Realmente parece ser de outro planeta.

Marte na Sibéria

Uma cidadezinha parada no tempo, já bem perto da Mongólia. Nós nos hospedamos em Kosh-Agach devido à nossa falta de carro. Dormimos em um hotelzinho no centro, o Ostrovok. O wi-fi deles era surpreendentemente bom.

Para curtir o finalzinho da nossa viagem pela Sibéria, passamos um dia inteiro caminhando pelos arredores da cidade.

Parado no tempo

Foi muito gostoso conhecer esse lugar a pé, parando para tirar mil fotos das montanhas e da estrada.

Kosh-Agach é o que tá escrito ali

Ainda tivemos um encontro com várias vaquinhas. Aliás, até agora eu não mencionei isso, mas durante toda a viagem pela Sibéria na Chuyskiy Trakt você irá compartilhar o asfalto com vacas e outros rebanhos de animais.

Nossa amiga perto de Kosh-Agach
Que lugar!

Kosh-Agach foi o ponto final de nossa viagem improvisada pela Sibéria. De lá nós pegamos um carro desses que levam passageiros e fomos direto para Gorno-Altaisk.

O motorista do carro disse que nunca tinha visto um brasileiro na vida e pediu para tirar foto:

Ele tá rindo e mostrando os dentes de ouro pra gente, aí na hora da foto ficou sério
Alguma cidadezinha no meio do caminho

Foi uma viagem longa e cansativa, então dormimos mais uma noite em Gorno-Altaisk antes de voltar para Novosibirsk e continuar nossa viagem confortável de trem pela transiberiana.

Mas se você estiver de carro, pode explorar melhor os arredores de Kosh-Agach e seguir até a cidade de Tashanta, a última cidade russa, e mais um pouco até a fronteira com a Mongólia.

De Artybach até Aktash

Lembra daquele roteiro (em verde no mapa) que não dá pra fazer de carro, e que é só para os mais aventureiros? Agora vamos falar um pouco dele.

Mesmo que você não vá percorrer esse caminho todo, há algumas partes que são acessíveis de carro, então vale a pena conferir.

É uma cidade bastante turística, na beira do Lago Teletskoye. Você pode ir pra lá de carro ou de ônibus a partir de Gorno-Altaisk.

Artybash tem muitas opções de hospedagem. Um lugar bem baratinho é o Green House.

Artybash
Foto: Green House

Outro lugar legal para se hospedar, esse com mais comodidades, é o Leontopodium Teletskoye.

No lago há várias opções de passeios de barco, e se quiser você pode se hospedar em alguns bem isolados, onde só se chega por água mesmo.

Uma opção bem luxuosinha é o Altay Village. Parece um sonho:

Altay Village

Um lugar para conhecer no lago é a Vodopad Korbu, uma cachoeira pequena, porém com bastante água. Só dá para chegar lá de barco, e então é preciso fazer uma pequena trilha.

O local tem boa estrutura, com lojinhas para comprar comida e souvenir.

Foto: Skorov [CC BY-SA]

Uma prainha no extremo sul do Lago Teletskoye. Você pode ir até lá de barco e voltar, ou então seguir viagem rumo ao sul, através do trecho mais aventureiro da viagem.

Um dos pontos altos desse trajeto. Essa cachoeira fica literalmente no meio do nada, num local de muito difícil acesso. De acordo com os relatos que lemos, só vá se você estiver acostumado com trekkings difíceis e perigosos.

Vodopad Uchar

Uma cidadezinha que será o primeiro sinal de civilização se você vier por esse caminho. A partir daqui você tem acesso a Aktash de volta à Chuyskiy Trakt, passando por dois lugares bem interessantes:

O ponto de maior altitude na estrada entre Ulagan e Aktash. Aqui você encontra vários mirantes e algumas lojinhas.

Foto: Rost.galis [CC BY-SA]

Esse lugar, chamado de “Portão Vermelho”, é um trecho da estrada onde as laterais são paredões vermelhos que deixam o caminho bem estreito. Parece ser incrivelmente bonito.

Foto: Ганжа Константин [CC BY-SA]

Já está razoavelmente perto de Aktash, então se você estiver passando por lá, vale a pena fazer um pequeno desvio para conhecer essa maravilha.

E por aqui encerramos esse texto imenso, cheio de informações para uma viagem incrível para a Sibéria. Se você for conhecer a República do Altai, comente aqui embaixo pra gente saber 🙂

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