Trilha de 6 Dias ao Monte Roraima – Relato e Dicas

Um dos nossos sonhos sempre foi fazer a trilha do Monte Roraima. Mesmo sem ter preparo físico e nem muita noção do que nos esperava, foi maravilhoso! Nesse post contamos um relato de como é a trilha para subir o Monte Roraima, explorar seu topo e voltar, e damos dicas de como planejar sua viagem.

A trilha do Monte Roraima foi parte de um roteiro de viagem que fizemos pela Amazônia. Veja as dicas para montar seu roteiro e conhecer Manaus, Alter do Chão e Belém também: Mochilão Amazônia: Roteiro e Dicas.

O Monte Roraima é uma montanha que fica na tríplice fronteira entre Brasil (Roraima), Venezuela e Guiana. Tem formato de mesa, com o topo reto, motivo pelo qual possui um ambiente totalmente diferente, com plantas e animais exóticos que só existem lá no topo.

Uma das primeiras vezes que alguém fez a trilha do Monte Roraima, séculos atrás, inspirou sir Arthur Conan Doyle a escrever o livro O Mundo Perdido.

Como Fazer a Trilha do Monte Roraima

A cidade de partida para o Monte Roraima é Santa Elena de Uairén, na Venezuela, não muito longe da fronteira com o Brasil.

Há muitas agências brasileiras que fazem a trilha, mas as mais baratas estão em Santa Elena.

Aconselhamos reservar a trilha do Monte Roraima com antecedência, como nós fizemos, embora conheçamos pessoas que contrataram guias individuais em Paraitepuy. Desse segundo modo faz-se a trilha num esquema mais roots, carregando mais coisas e tal. É bom estar em muito boa forma para isso. Nós não estávamos.

As agências fecham grupos pra subir o monte, o que achamos bem legal. Nós reservamos com a Mystic Tours e, por R$780 cada um, conseguimos a trilha de 6 dias, uma noite na pousada e uma pessoa pra carregar um mochilão nosso, porque fomos sem preparo nenhum, e achamos que carregar a mochila seria bem ruim, o que foi uma decisão pra lá de acertada.

O valor pago à agência inclui 3 refeições por dia, saco de dormir, isolante e barraca. As barracas são duplas, ou seja, quem estiver sozinho divide com alguém do grupo.

Quanto à primeira noite em Santa Elena, confirme com a agência para eles reservarem um hotel para você, pois não é tão fácil encontrar algum lugar na internet para reservar por conta própria.

Tendo em vista que você fará a trilha com um grupo de pessoas que ainda não conhece, a agência prepara uma reunião no dia anterior para explicar tudo e apresentar todo mundo, incluindo guias e carregadores. Por isso é essencial chegar em Santa Elena no dia anterior ao início da trilha ao Monte Roraima.

ORGANIZE SUA VIAGEM:

+++ VER CUPONS DE DESCONTO +++

Boa Vista – Roraima

Chegar em Boa Vista por si só já é uma aventura. Há voos diretos para lá a partir de Manaus, Belém, Brasília, São Paulo e Recife (consulta realizada em 2021). Comprando com antecedência é possível conseguir bons preços.

Adoraria dizer que conhecemos todas as belezas ocultas de Boa Vista, mas a verdade é que o único dia que tivemos por lá, depois de voltar do Monte Roraima, estávamos tão cansados, que só tivemos tempo de comer um tambaqui na brasa (maravilhoso), e dar uma voltinha muito rápida pela orla do Rio Branco.

O aeroporto de Boa Vista é bem pequeno e até as lanchonetes fecham nos horários que não tem voo. O táxi para sair de lá é tabelado, preço fixo de cerca de R$35 para qualquer lugar da cidade. Tem uber também.

Onde Ficar em Boa Vista – Roraima

Embora a cidade não seja muito grande, se locomover pode ser difícil ou caro (se depender de táxi). O ideal é se hospedar no centro.

Algumas opções de hospedagem econômica são o Hostel Roraima (quartos compartilhados) e Hotel Giselle Boutique (quartos privados).

Para quem busca mais conforto, o Aipana Plaza Hotel é a pedida.

Santa Elena de Uairén, na Venezuela

Para ir de Boa Vista – Roraima até a fronteira com a Venezuela, paga-se cerca de R$25 por pessoa num táxi coletivo.

O táxi não pode passar da fronteira. Várias restrições nessa fronteira, por conta da disparidade econômica entre os países.

É possível entrar na Venezuela só com a identidade. O comprovante de vacina contra a febre amarela é exigido.

Aqui na fronteira de entrada na Venezuela é muito importante dizer que você está indo para fazer a trilha do Monte Roraima.

Caso contrário, eles pensam que é só mais um brasileiro indo lá pra comprar gasolina barata. O que acontece com muita frequência.

Prefira trocar dinheiro na cidade, e não na fronteira. Informe-se com antecedência sobre o câmbio e as situações da fronteira, que mudam o tempo todo.

Cotação (janeiro/2022): 1 bolívar venezuelano = R$1,24

Depois de carimbar a entrada na Venezuela, basta esperar por um táxi para te levar até Santa Elena. Nós pagamos R$2 pra ir até Santa Elena.

Clique no título do mapa para ver mais detalhes

Lembrando que nós brasileiros podemos entrar na Venezuela com RG, pois é um dos países que não exigem nosso passaporte na América do Sul.

Leia também: 5 Roteiros Que Já Fizemos de Mochilão na América do Sul  

Monte Roraima Dia 1: Acampamento Rio Tek

Saindo de Santa Elena de Uairén, vai-se de 4×4 até Paraitepuy, durante umas 2h por uma estrada de terra. Chegando lá já é possível avistar o Monte Roraima.

O local é sagrado, então os guias vão explicar algumas coisas óbvias sobre como respeitá-lo. Ah! Em Paraitepuy é o último banheiro! Aproveite! Agora começa a trilha de 6 dias ao Monte Roraima!

Nesse primeiro dia de trilha caminha-se 13km, com muitas subidas e descidas relativamente pesadas.

Ao chegar no Acampamento Rio Tek, é possível tomar banho no rio com água geladíssima, e usar pela primeira vez o banheiro químico improvisado pelo guia.

O jantar é servido logo que o sol se põe, e se você ainda tiver energias, rola um bom papo com as pessoas dos outros grupos, já que todo mundo que iniciou a trilha nesse dia fica no mesmo acampamento.

Leia também: Lugares Baratos Para Viajar no Brasil

Monte Roraima Dia 2: Acampamento Base

Nesse dia, toma-se café da manhã ainda no Rio Tek, e como não há parada para o almoço, o guia te entrega um sanduíche e uma fruta para comer no meio do dia.

Nós sentimos falta de mais comida durante o dia, então aconselhamos levar barrinhas de cereal ou biscoitos.

O segundo dia de caminhada rumo ao monte é bem mais pesado que o primeiro, principalmente porque as subidas predominam durante os 9km até o acampamento base. Em compensação, as paisagens se tornam cada vez mais deslumbrantes.

Nós sentíamos um frio na barriga cada vez que olhávamos pro paredão do Monte e pensávamos “amanhã vamos ter que subir isso aí”.

A noite do segundo dia é no Acampamento Base, que tem esse nome porque já está bem pertinho do Monte Roraima.

Embora tenha um rio ao lado do acampamento, é difícil se banhar, pois a água é ainda mais fria do que no dia anterior. De novo, o acampamento é grande e vários grupos se reúnem ali para passar a noite.

Monte Roraima Dia 3: Subida do Monte Roraima

Dia de subir e subir e subir! O Monte Roraima tem 2.810m de altitude, sendo que a partir do acampamento base é preciso subir ainda 1.000m para alcançar seu topo.

Essa subida só pode ser feita por uma trilha específica, na diagonal, por 4km. E que subida… muitas pedras soltas e escorregadias, abismos e paisagens estonteantes.

As 6h de subida foram nossa parte favorita de todo a trilha do Monte Roraima, principalmente o trecho final, no qual o paredão estava bem ao nosso lado, às vezes derramando um pouco de água por uma cachoeira vinda lá do topo.

Principalmente em um trecho chamado Paso de las Lagrimas, pode ser que haja muita água caindo, o que dificulta a subida pelas pedras soltas e sem muito apoio dos lados.

Nessa noite, dorme-se no topo, num acampamento só com o seu grupo, montado dentro de buracos na montanha, que o povo lá chama de hotel. Quem chega primeiro pega os melhores “hotéis”.

Não dá tempo de explorar muita coisa nesse primeiro dia, porque ninguém tem forças nas pernas pra isso.

Monte Roraima Dia 4: Explorando o Topo

Dia de explorar o topo do Monte Roraima! Caminha-se um total de 25km para alcançar o ponto tríplice, que marca a fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana.

No caminho, cenários de outro planeta… rochas pretas, cristais brotando por todos os lados, plantas carnívoras, nuvens passando por entre as pessoas.

Um dos pontos mais marcantes, além da fronteira tríplice, é El Fosso, uma piscina natural.

25km pulando de pedra em pedra não é pra qualquer um. Nós ficamos muito destruídos depois desse dia. Passamos a pior noite, com febre, todo mundo do grupo muito acabado, sem forças nem pra ir ao banheiro direito.

Mas o cenário… Ah!, o cenário. Nessa noite dorme-se no mesmo acampamento da noite anterior. Se você optar por uma trilha de mais dias no Monte Roraima (7, 8, 9…), você irá dormir em acampamentos diferentes no topo.

Monte Roraima Dia 5: Descida até Acampamento Rio Tek

“Pra descer todo santo ajuda”… pobre coitado que nunca pensou em descer o Monte Roraima. Depois de algumas horas de descida, as pernas não obedecem, o cérebro não obedece, e tudo que se quer é que aquilo acabe logo. Muito cansaço, muito mesmo.

Dessa vez não dorme-se no Acampamento Base e, depois de descer o Monte, ainda caminha-se mais 12km (descendo as colinas) até o rio Tek, onde se acampou na primeira noite.

Depois desse dia intenso, um banho de rio é a coisa mais maravilhosa do mundo. A água gelada ajuda muito a recuperar as energias, que ficam em migalhas pelo caminho.

Nós ainda tivemos a “sorte” de uma barraca quebrada no meio da noite e dormimos ao relento, encolhidos nos sacos de dormir, sob o céu mais estrelado das nossas vidas.

Encantador, e deu até pra ignorar um pouco os músculos ainda berrando de dor e a febre nos queimando por dentro, mais uma vez.

Monte Roraima Dia 6: Santa Elena – Venezuela

Nesse último dia caminha-se 4h de puro sofrimento para chegar até Paraitepuy. As pernas doem principalmente nas descidas, devido ao esforço do dia anterior. Não é um trecho tão longo, mas super sofrido.

Depois da comoção da chegada, um 4×4 te leva até uma vila onde é servido o melhor frango na brasa de todos os tempos, com direito a refrigerante gelado. Um luxo! Ali por perto também tem lojinhas com souvenires da Venezuela.

Chega-se a Santa Elena ainda com luz do dia e, embora dê tempo de voltar pra Boa Vista, é muito mais agradável relaxar, fazer uma despedida com os amigos da trilha do Monte Roraima e compartilhar os milhões de fotos.

É aconselhável deixar um hotel reservado já desde antes da trilha, porque você vai chegar louco por um chuveiro e uma cama.

CLIQUE AQUI PARA CONHECER MAIS LUGARES INCRÍVEIS NO BRASIL

O Monte Roraima está nessa lista de lugares mais bonitos do Brasil, junto com outros 20 destinos. Não deixe de ler.

Quer ver mais lugares incríveis na Venezuela? Confira esse post do blog Me Leva Viajar: Parque Nacional Morrocoy, um paraíso no caribe da Venezuela

Ao reservar um passeio, hospedagem ou adquirir qualquer serviço através de um dos links afiliados nesse post, nós podemos receber uma pequena comissão, e você não paga nada a mais por isso. É uma maneira de apoiar nossa viagem e nos ajudar a continuar trazendo bom conteúdo para o blog 🙂